Estudantes de Medicina da Unoeste realizam ação de Promoção à Saúde na Rede Municipal de Educação
Os estudantes do curso médico da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) realizaram uma ação voltada a promoção de saúde entre os pré-escolares na rede municipal de educação da cidade de Presidente Prudente – SP. A proposta da atividade de Criação de Ambientes Saudáveis para pré-escolares foi ao encontro com as buscas na literatura relacionadas à Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) ventilada em um Ciclo Pedagógico, fruto da Metodologia Ativa da Problematização, utilizada na disciplina PAPP (Programa de Aproximação Progressiva à Prática) do curso. No PAPP, os estudantes são inseridos em sete Estratégias Saúde da Família, nos municípios de Presidente Prudente e Álvares Machado, no interior de SP, como membros das equipes interdisciplinares, com o objetivo de imersão no contexto da realidade e vivência dos usuários do SUS e das equipes interprofissionais, nos territórios adscritos às Unidades de Saúde.
Inicialmente ocorreu um contato prévio dos Facilitadores com os Coordenadores da Escola Municipal de Educação Infantil para programação da atividade de Promoção à Saúde do Escolar, na esfera do Programa Saúde na Escola. Os pais dos pré-escolares foram previamente comunicados da ação e a autorizaram. Inicialmente, os pré-escolares foram acolhidos pelos estudantes e facilitadores de acordo com os Princípios da Politica Nacional de Humanização (PNH), com brincadeiras e jogos apropriados àquela faixa etária. Em seguida, foram submetidos à medição de peso, altura e posteriormente, ao cálculo de IMC (índice de massa corpórea) pelos acadêmicos, com objetivo de avaliar o seu estado nutricional e identificar necessidades reais de intervenções sobre as crianças que obtiveram IMC não preconizado para faixa etária.
No Brasil desde 1977, foi implantado O SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), um sistema preconizado pela OMS que teve sua regulamentação pela Portaria do Ministério da Saúde nº 080 em 1990, sendo sua existência vinculada às ações de combate à desnutrição. O SISVAN é um sistema de informações que visa promover informações contínuas relacionadas às condições nutricionais da população, bem como aos fatores que as determinam. Consiste no uso de variáveis como a relação de Peso por Idade (P/I) que expressa a relação entre a massa corporal e a idade cronológica das crianças, sendo essencial para avaliar o estado nutricional, principalmente para a detecção do baixo peso. Outras variáveis como Peso por Altura (P/A) e Altura por Idade (A/I) também são essenciais e empregadas, pois denotam a variação do peso pela altura, utilizado para identificar o emagrecimento ou excesso de peso e o crescimento linear das crianças mediante à situações adversas que as acercam e possuem influência sobre o seu crescimento, respectivamente. Essa avaliação é crucial para o acompanhamento do crescimento infantil, levando em consideração que os pré-escolares passam boa parte do dia nas creches.
As creches públicas são instituições que exercem uma parcela muito importante no desenvolvimento biopsicossocial e até mesmo intelectual das crianças, uma vez que abrigam principalmente crianças com condições socioeconômicas vulneráveis e proporcionam a oportunidade de promover estilos de vida saudáveis, inclusive na sua alimentação. A importância da equipe multiprofissional de saúde e dos colaboradores que atuam nas creches derivam das necessidades que as crianças têm de cuidados adequados, por meio do acompanhamento e desenvolvimento dos pré-escolares, visando à adoção de práticas e a identificação das necessidades de intervenções através de cuidados adequados, integrados, inerentes à manutenção e a recuperação da saúde infantil. Contudo, os acadêmicos puderam perceber a importância da coleta de dados fidedignos e de sua aplicabilidade que estão diretamente relacionados ao perfil de crescimento dos pré-escolares e o quanto isso certamente implica em indicadores de saúde.
O estado nutricional da criança, especialmente nos primeiros anos de vida, é primordial pois reflete as condições ambientais a que estão expostas bem como o tipo de alimentação, adoecimento, condições de moradia e saneamento básico. Práticas inadequadas e irregulares quanto à alimentação infantil assim como deficiências nutricionais culminam no comprometimento do processo saúde-doença e podem elevar as taxas de morbimortalidade infantil com implicações diretas e imediatas na saúde da criança. Portanto, cabe à equipe multidisciplinar de saúde em conjunto com os profissionais das creches públicas, estabelecer estratégias adequadas e pertinentes para mapear o desenvolvimento e o crescimento dos pré-escolares afim de identificar precocemente as necessidades peculiares para cada criança, ou até mesmo coletivamente, visando estabelecer promoção e prevenção de saúde. Nas discussões que ocorreram no fechamento do Ciclo Pedagógico, os estudantes consideraram que se faz necessário a implementação da Política Pública da Educação Permanente para os colaboradores das creches por meio de capacitações a partir de suas dúvidas em Saúde, com a finalidade de ampliar o seu o olhar e para que consigam identificar situações de vulnerabilidade que predispõem ao desenvolvimento inadequado das crianças. Os pais dos participantes e os coordenadores da creche consideraram como positiva a ação de Promoção à Saúde desenvolvida no território da Estratégia Saúde da Família (ESF) no município de Presidente Prudente, interior de SP.
Referências
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Ministério da Saúde. DataSUS: SISVAN [internet]. [acesso em 14 abr 2019]. Disponível em: https://tabnet.datasus.gov.br/cgi-win/SISVAN/CNV/notas_sisvan.html.
Ministério da Saúde. SISVAN [internet]. [acesso em 19 abr 2019]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sisvan.pdf.
Pedraza DF. Perfil antropométrico de crianças segundo a estrutura das creches. Ciênc. saúde coletiva 22(4):1361-1371, 2017. https://dx.doi.org/10.1590/1413-81232017224.17972015.
Silva GAS, Rocha CMM, Almeida MFL, Lima FF, Carmo CN, Boccolini CS, Ribeiro BG, Sichieri R, Capelli JCS . Procedimentos de medição da massa corporal infantil pelos agentes comunitários de saúde de Macaé, Rio de Janeiro, 2010-2011. Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 26(3):579-588, jul-set 2017. https://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742017000300015.
Por Emilia Alves de Sousa
Olá Fernando,
Bem vindo à Rede HumanizaSUS!
Muito inspirador o método usado por vocês para abordagem dos jovens, a partir do acolhimento, mudando a forma de cuidar em saúde, valorizando as múltiplas necessidades da pessoa. Percebendo que não é apenas um corpo doente que está ali, mas uma pessoa que assume dimensões bio-psico-sociais, que precisa ser atendida em todas as suas necessidades, de forma humanizada. Lindo trabalho. Essa é a saúde que queremos, com uma atenção alinhada aos princípios do SUS e da PNH, indo além de uma prescrição médica, simplesmente, passando também pela promoção da saúde.
Parabés aos acadêmicos e aos professores/perceptores do curso de medicina da UNOESTE por esse modo criativo e humanizado de ensino.
AbraSUS
Emília