Os Serviços Organizados de Inclusão Social (SOIS) integram a Rede de Atenção Psicossocial, vinculada à Secretaria da Saúde de Joinville, tendo por missão promover a inclusão social de pessoas que enfrentam o sofrimento psíquico e/ou possuem necessidades decorrentes do uso abusivo de álcool e outras drogas.
Normalmente os usuários chegam à unidade encaminhados pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), pelo Serviço Ambulatorial de Psiquiatria (SAPS), ou por demanda espontânea.
Dentre as atividades que o SOIS oferece para seus usuários, estão as oficinas de geração de renda, que incluem pintura em tela, tapeçaria e arte com papéis reciclados, e as oficinas culturais de música, teatro , canto e dança.
Faz mais ou menos cinco anos que a Terapeuta Ocupacional Cristiane Regina Tavares iniciou a oficina de dança de salão com os usuários da unidade. Toda segunda-feira, das 14 às 16h30, o grupo de 12 pessoas se reúne no auditório do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região (SINSEJ) para as aulas. A oficina não acontece na sede do SOIS por não ter uma sala grande o suficiente para a dança.
No decorrer das oficinas, Cristiane percebeu que os alunos tinham capacidade de desenvolver passos mais elaborados. “Então eu tornei os passos mais complexos e aumentei o tempo das aulas para que eles tivessem mais tempo de aprender”.
“A gente vê uma transformação naqueles que participam da oficina de dança. Eles adquirem autoconfiança e disciplina. A dança também estimula as relações sociais, que em geral ficam bastante comprometidas em pacientes com transtorno mental”, afirma Cristiane.
O grupo de dança realiza algumas apresentações durante o ano, inclusive fora do espaço da unidade… “Quando eles se apresentam nos lares de idosos, por exemplo, como voluntários, interagindo e dançando com os idosos, eles se sentem capazes e muito estimulados. Eles deixam de ser vistos apenas como atendidos pela saúde e passam a ser protagonistas”, completa Cristiane.
Benefícios da Dança:
Neurológicos: melhora da atenção, concentração, memória, raciocínio, equilíbrio, coordenação motora, noção espacial. Também estimula a aprendizagem, ajuda a combater a deterioração cognitiva, previne doenças neurodegenerativas. A dança também provoca a produção de endorfina, serotonina e dopamina, hormônios responsáveis pelo bem-estar.
Físicos: melhora a resistência, a flexibilidade, a tonificação muscular, a agilidade e também a respiração.
Psicológicos: melhora o humor, alivia tensões de estresse, desenvolve a perseverança, a iniciativa própria, disciplina e autoconfiança. Promove a valorização pessoal, com a percepção de que os usuários são capazes de aprender e executar as atividades. Também promove satisfação e equilíbrio emocional.
Sociais: estimula as relações sociais, a cooperação, a adequação do comportamento e o respeito com o próximo.
Por deboraligieri
Raphael querido.
Essa semana vamos começar o mês de programas sobre saúde mental no podcast AvanSUS (você está sendo sondado pra participar de um deles por sinal, precisamos apenas nos certificar do equipamento técnico pra gravação por skype/hangout), e para estar um pouco mais a par das discussões nessa área resolvi passear pelos seus posts aqui na RHS, que são um verdadeiro guia para quem quer entender as disputas na política de saúde mental sob a perspectiva do usuário do SUS!
Na minha passagem por Joinville no mês passado, lembrei bastante da minha infância e adolescência e dos tempos em que a dança ocupava um papel super importante na minha vida. Fiz sapateado dos 11 aos 17 anos (e um pouco de ballet também junto, mas minha paixão eram as chapinhas, e como elas reproduziam em sons a ligação entre os pés e o cérebro) e depois dança flamenca por mais um ano. Participei de alguns festivais de dança em São José dos Campos com a academia onde fazia aulas, mas nunca consegui participar do Festival Internacional de Dança de Joinville, uma pena!
Mas o que a sua postagem me fez perceber mesmo foi o quanto a dança me ajudou a conviver com o diabetes nos primeiros anos após o diagnóstico aos 09. Embora o meu controle glicêmico não fosse dos melhores (por diversas razões, incluindo a inexistência do SUS na época), conseguia uma certa tranquilidade para conviver com uma condição crônica pesada como é o diabetes com auxílio da dança. Não só por questões biomédicas – efeitos dos exercícios físicos sobre o controle glicêmico – mas principalmente pelos benefícios psicossociais. A dança ajudou no meu convívio com o diabetes porque fazia bem pra minha cabeça, eu me sentia viva e feliz batendo as chapinhas no chão, ou quase morrendo de tanto esforço pra conseguir tocar uma castanhola enquanto dançava a sevilhana.
E lembrei também dos grupos de dança de idosos que se apresentaram na IV Mostra Nacional de Experiências em Atenção Básica/Saúde da Família, e como aqueles dançarinos experientes na vida pareciam jovens em suas fantasias em em seu entusiasmo na apresentação.
Enfim, a dança é quase um voo! É assim que eu me sentia quando estava nas aulas de sapateado – voando!, a despeito do diagnóstico de diabetes. Obrigada por reacender essa memória no meu corpo!
Beijos,
Débora