Roda de Conversa com servidores da UFAL

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“Atividade da disciplina de Humanização e Formação em Saúde”, do Mestrado Profissional de Ensino na Saúde, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas.

Discente: Priscila Tavares de Oliveira; Docentes: Prof. Dr. Sérgio Aragaki, Profa. Dra. Cristina Camelo, Ms. Everson Melo, Ms. Luzia Prata.

No dia 22 de maio de 2019, a equipe multidisciplinar do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Sevidor (SIASS) realizou uma roda de conversa com servidores de um setor administrativo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). A roda foi realizada no próprio setor, teve a duração de pouco mais de 1 hora e a participação de 12 trabalhadores do setor e 4 servidores do SIASS.

Inicialmente, fizemos a apresentação da proposta metodológica para a equipe presente, esclarecendo sobre os objetivos das rodas de conversa, informando que nossa finalidade era a criação de um espaço de acolhimento e troca de experiências e de discussões reflexivas sobre questões relacionadas ao cotidiano do trabalho. Acordamos ainda que a atividade teria a duração média de 1 hora. O sigilo das informações é algo previamente combinado, sendo registrado em relatórios setoriais apenas as demandas que exigem algum tipo de encaminhamento.

O trabalho com rodas de conversa pela equipe SIASS teve início pelo entendimento de que esses dispositivos podem facilitar a interação entre os indivíduos, assim como propiciam o surgimento de vivências bem próximas da rotina diária. Entende-se que os grupos podem atuar como “espaços nos quais é possível assumir posições, compartilhar experiências, fazer negociações e coproduzir sentidos” (BRIGAGÃO et al, 2014, p. 74).

Demos início às discussões sugerindo o tema “Trabalho como fonte de prazer e/ou adoecimento”, o qual foi aceito pelos participantes. Dentre os relatos surgidos na discussão, os servidores relataram a sobrecarga de trabalho (alta demanda de processos judiciais e da própria rotina do setor) como uma das principais fontes de estresse, associadas à ausência de recursos materiais necessários à agilidade ao setor. A equipe reclamou ainda dos boletins de ocorrência que chegam ao setor fora dos prazos e que acarreta ônus aos trabalhadores. Destacam-se algumas falas relacionadas ao cansaço físico e emocional: estresse, irritabilidade, desmotivação, perfil tarefeiro das ações, falta de reconhecimento profissional.

Como facilitadora do grupo, trouxemos a reflexão para o âmbito do que podemos fazer no sentido de amenizar as consequências negativas dessas problemáticas para a nossa saúde física e mental. E, além dos encaminhamentos específicos da gestão, os servidores discutiram sobre as saídas possíveis para ajudarem uns aos outros nesse processo: parada na rotina corrida para tomar um café e conversar com os colegas, realizar atividades físicas, atuar empaticamente com os colegas de trabalho.

Ao final, procedemos ao desaquecimento realizando uma avaliação da atividade desenvolvida e acordando novos encontros utilizando a metodologia, visto que foi sugerido por eles que esse tipo de atividade de escuta aos servidores torne-se uma rotina institucionalizada.

Entendemos que, além de um espaço de troca e reflexões ativas entre os servidores, o desenvolvimento das rodas de conversa pode nos ajudar a identificar fatores de bem-estar e mal-estar no trabalho que interferem diretamente na qualidade de vida no trabalho e na eficácia das rotinas da Universidade. Ao final das atividades, pode-se observar que em diversos casos o trabalho vem sendo fonte de adoecimento para os trabalhadores, tanto física quanto psiquicamente, o que nos sugere a necessidade de intervenções voltadas para melhoria das relações interpessoais no trabalho.

Identificamos assim a importância de ampliar estratégias que favoreçam a participação coletiva, através de um espaço de escuta e posicionamento dos trabalhadores, de modo a assumirem o papel de agentes de mudanças, atuando diretamente na melhoria das relações e, consequentemente, do ambiente de trabalho e dos serviços prestados.

BRIGAGÃO, J.I.M.; NASCIMENTO, V.L.V.; TAVANTI, R.M.; PIANI, P.P.; FIGUEIREDO, P.P. Como fazemos para trabalhar com a dialogia: A pesquisa com grupos. In: SPINK, M.J. et al. (Orgs.). A produção de informação na pesquisa social: compartilhando ferramentas. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2014. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/267328698_A_PRODUÇÃO_DE_INFORMAÇÃO_NA_PESQUISA_SOCIAL_compartilhando_ferramentas. Acesso em 25 abr. 2019.