A PROMOÇÃO DE SAÚDE COMO META DA GESTÃO PÚBLICA, DAS UNIVERSIDADES E DA SOCIEDADE.

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Em leitura ao artigo “A Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis Facilitando a Articulação entre Universidade, Gestão Pública e Sociedade” de autoria de Sperandio, A. M. G e Correa, C. R. S. contido nos Anais do 1º Seminário sobre a política nacional de promoção à saúde no Brasil verificou-se a necessidade de abranger os aspectos tanto da gestão pública, como das universidades e da sociedade para englobar o tema da promoção de saúde de forma completa.

Este artigo aborda um projeto elaborado pela universidade de Campinas (Unicamp) em conjunto com a administração de seis municípios inicialmente, que hoje são mais de quarenta, e com a sociedade civil destas cidades, com o objetivo de que juntas possam, levando em consideração os valores, significados, trajetória e história de cada município envolvido, estabelecer políticas para promover um “município-projeto” chamado “município potencialmente saudável”, o que remete à ideia trazida por GASTÃO, 2006 em seu artigo “Clínica e saúde coletiva compartilhadas: teoria Paidéia e reformulação ampliada do trabalho em saúde”, de co-produção do processo de saúde pelo indivíduo influenciado pela teoria Paidéia.

Conforme Gastão 2006 é estabelecido entre o sujeito e o meio um processo de co-produção no qual o sujeito é influenciado pelos acontecimentos do meio, mas também interfere no mundo por meio da política, da gestão, do trabalho e de práticas cotidianas, sendo que a teoria Paidéia “busca ampliar a capacidade das pessoas compreenderem e interferirem de modo deliberado sobre esta dinâmica”.

Corroborando esta ideia a rede de municípios potencialmente saudáveis em sua prática trouxe muitos resultados positivos atendendo sua missão de “viabilizar espaços de reflexão/ação através da troca de experiências entre os municípios participantes, construindo teias de saberes e praticas que propiciem subsídios para a gestão”. (p- 61)

Em pesquisa ao site da rede de municípios potencialmente saudáveis percebeu-se que este trabalho é efetivo frente à tamanha preocupação com as políticas públicas criadas nos municípios que abrange. Existe sempre um monitoramento e avaliação tanto das políticas implantadas como, da participação interna na rede além, de promover a integração dos diferentes municípios participantes promovendo a troca de experiências e conhecimento. Pode-se pensar o quanto seria proveitoso e satisfatório nosso município de santa Maria-RS ingressar em um projeto deste âmbito, com tantos municípios que estão inter-relacionados à nossa região geográfica, pois este trabalho além de promover uma movimentação intramunicipal articulando informações na rede através de uma matriz, busca a integração no espaço coletivo da rede através da integração das políticas regionais, a partir das necessidades conjuntas de cada município.

“A rede trabalha na perspectiva da Promoção da Saúde no sentido político, econômico e ambiental na lógica da vida, e não da doença” estabelecendo uma rede de saberes e práticas desenvolvidas em conjunto e para manter esta rede sempre em sintonia são estabelecidos alguns objetivos em comum entre os municípios, mesmo que a promoção de saúde seja o eixo principal, visando:

1) ações intersetoriais e transetoriais;
2) fortalecimento dos diferentes atores sociais no sentido da participação transformadora e busca da autonomia;
3) construção de práticas que firmem os valores e desejos dos atores sociais em relação ao seu território, para que assim colaborem para o desenvolvimento local saudável e sustentável, respeitando os critérios de eqüidade social;
4) divulgação de experiências de sucesso nos Municípios dentro e fora da Rede. (p- 63)

 

Aliás seria de grande importância abranger as políticas públicas em Santa Maria, e consequentemente ampliar a comunicação na rede de saúde, não limitando somente aos órgãos específicos, mas fazer com a administração do município participe ativamente nas soluções, inclusive a sociedade, pois “quando não vemos mais do que um fator, podemos estar certos de que é preciso procurar outros e de que estamos míopes, reducionistas”, (GATTARRI,1996)

A rede se saúde no Brasil está longe de ser perfeita, mas acredito que está fazendo o possível, pois são projetos como este que o deixam mais perto da satisfação das necessidades da sociedade, principalmente a promoção de saúde que é crucial, porque com promoção de saúde diminuímos a necessidade da prevenção e da medicamentação.

 

REFERÊNCIAS:

 

– CAMPOS, G. W. de S. Clínica e Saúde Coletiva compartilhadas: teoria Paidéia e reformulação ampliada do trabalho em saúde. In: Minayo C,et al., organizadores. Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec; 2006.

 

CZERESNIA, Dina. O conceito de saúde e a diferença entre prevenção e promoção Cad. Saúde Pública,  Rio de Janeiro,  v. 15,  n. 4, Out.  1999 .  Disponível em <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1999000400004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 24 Ago 2012.

GUATTARI, F. & ROLNIK, S. Micropolítica: Cartografias do desejo. Petrópolis: Ed. Vozes, 1986.