A VALORIZAÇÃO DO TRABALHO E DO TRABALHADOR DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS
Há décadas, muitos debates e estudos científicos tem se concentrado no processo de trabalho no âmbito do Sistema Único de Saúde, assim como a forma de gerir. Neste sentido ao pensarmos na Política Nacional de Humanização, podemos compreende-la como uma política transversal que engloba um conjunto de princípios e diretrizes, objetivando promover mudanças na forma de trabalho, assim como na maneira de interferir nos processos de trabalho nos diversos campos da Saúde Pública.
Neste contexto a saúde do trabalhador se apresenta como uma dessas políticas/diretrizes disparadoras no processo de inovação e de mudanças nos espaços de saúde. A diretriz, valorização do trabalho e do trabalhador de saúde, envolve questões relacionadas aos trabalhadores de saúde, assim como ao contexto de trabalho nos quais os mesmos estão inseridos.
Assim, a forma de trabalho no campo da saúde, pela sua extensa complexidade, assume uma dimensão mista, ou seja, ao tempo em que se produz saúde, também se produz sofrimento pelo fato de envolver de forma direta ou indireta os trabalhadores com a pessoa doente, com a doença, com a dor e até mesmo com a morte. Além do mais, passam horas em ambientes perigosos, insalubres, sem segurança, expostos a acidentes, além da sobrecarga intensiva, fatores esses que trazem como consequências o desgaste do bem estar, assim como a interferência nas relações interpessoais no cotidiano de trabalho.
Diante, dos diversos depoimentos dos trabalhadores, faz-se necessário a busca por melhorias nas condições de trabalho, seja com maior aporte tecnológico, com insumos e instrumentos adequados, até mesmo na ampliação do investimento em qualificação profissional, em estratégias para seleção e reposição, com o objetivo de dimensionar a quantidade ideal de trabalhadores nos mais diversos setores de saúde.
Então podemos considerar que o processo de humanização no Sistema Único de Saúde, perpassa por diversos campos da saúde que envolve desde o profissional até o gestor de saúde. Por isso a necessidade de considerar os desafios presentes no cotidiano dos profissionais, a exemplo do processo de educação permanente, visando assim a qualificação profissional, isso por compreendermos que atualizar e humanizar torna-se fundamental para uma assistência segura e com qualidade.
No entanto, se faz necessário, enfatizar que a Política Nacional de Humanização, entende como humanização a valorização de todos os atores envolvidos nos processos de produção em saúde, ou seja, gestores das três esferas, profissionais e usuários. Isso por compreender que atribuir valor à pessoa, buscando assim produzir a inclusão, à partir do respeito, dando inclusive direito a voz ao outro, no sentido de promover a circulação da palavra e da informação.
Portanto, é preciso diminuir a distância entre gestores e trabalhadores, a fim de facilitar o compromisso e interesses entre ambas as partes, tendo como contemplado deste processo o usuário.
Deste forma é fundamental a existência de locais seguros de trocas de informações e de possibilidades do exercício da cogestão, utilizando como ferramenta a Roda de Conversa e a Comunicação Não-Violenta.
Porém, vale salientar que não basta que os espaços de roda existam, mas também se entenda a importância de cada ator envolvido neste processo, e para formar um belo desenho o conjunto de atores precisam estar unido com e pelo mesmo objetivo. Assim, podemos então considerar que a cogestão, deve ser um dos fatores principais no processo de valorização do trabalho e do trabalhador, que sempre busca o aumento de sua autonomia, por dar oportunidade de participar das tomadas de decisão.
No entanto a cogestão só é possível quando existe o comprometimento de toda a equipe na melhoria dos processos de trabalho. Por fim, partimos do pressuposto de que a ênfase de que o trabalhador e seu processo de trabalho, são elementos fundamentais na rotina de atendimento aos usuário, além de impulsionar as mudanças necessárias na atenção à saúde.