No dia 17 deste mês de maio de 2021, o SUS completou 33 anos de existência. Muito aconteceu desde sua criação, pela Constituição Federal de 1988 – que, não por acaso, é chamada Constituição Cidadã – até os dias atuais, marcados pela pandemia de Covid-19.
Nesse cenário, nós, brasileiros, vivemos uma dualidade: temos muito a lamentar pelas quase mais de 400 mil vida ceifadas pelo Sars-cov-2, mas muito a comemorar pelos mais de 14 milhões de pacientes recuperados da infecção pelo vírus. Quando falamos em número de tratados e recuperados, falamos em SUS.
Não é exagero. No Brasil, apenas cerca de 30% da população tem acesso a planos privados de saúde, ou seja, 70% dela é dependente do SUS. Essa estatística contrasta com o Brasil antes de 1988: se, naquela época, o povo clamava por acesso saúde, hoje ele é universal; e universalidade é o SUS.
Contudo, o nosso Sistema Único de Saúde não é apenas universal.
Como estudante de medicina, reconheço a importância de conhecer o contexto no qual as pessoas estão inseridas para, então, prestar os cuidados em saúde. Como acadêmico – e futuro médico – corroboro com o entendimento de saúde como um “estado de completo bem estar físico, mental e social” – nas palavras da Declaração de Alma-Ata. Em outras palavras, o indivíduo deve ser visto e atendido de maneira integral. Nesse sentido, o SUS preconiza o reconhecimento do usuário em sua realidade biopsicossocial e oferta, além dos supracitados tratamento e recuperação, promoção, prevenção e vigilância em saúde. Portanto, vale dizer: integralidade é o SUS.
E não “apenas” isso. Considerando essas particularidades inerentes a cada pessoa, concluímos que cada indivíduo demanda um atendimento diferente. Logo, o serviço e os profissionais de saúde devem ser capazes de ofertar a cada um segundo sua necessidade: isso se chama equidade; e equidade é o SUS. Com seu sistema capilarizado e hierarquizado, seus serviços de Atenção Básica e especializados, o SUS busca atender às particularidades de cada caso, de maneira acessível e organizada.
Por conseguinte, sobretudo neste período pandêmico e na semana de seu 33º aniversário, é preciso união em defesa da maior conquista dos brasileiros no período republicano: o SUS. Vida longa ao SUS! E desejar vida longa ao SUS é desejar, também, vida longa aos brasileiros!
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Painel coronavírus. Disponível em:
https://covid.saude.gov.br/. Acesso em: 19 mai. 2021.
Agência IBGE Notícias. PNS 2019: sete em cada dez pessoas que procuram o
mesmo serviço de saúde vão à rede pública. Sala de imprensa. Disponível em:
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/28793-pns-2019-sete-em-cada-dez-pessoas-que-procuram-o-
mesmo-servico-de-saude-vao-a-rede-publica. Acesso em: 19 mai. 2020.
Fundação Oswaldo Cruz. Sus, central para enfrentar a pandemia. Saúde e
sustentabilidade. Centro de estudos estratégicos da Fiocruz. Disponível em:
http://cee.fiocruz.br/?q=node/1140. Acesso em: 19 mai. 2021.
BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre
as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial
da União. Brasília, DF, 20 set. 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm#:~:text=LEI%20Nº%208.080%2C
%20DE%2019%20DE%20SETEMBRO%20DE%201990.&text=Dispõe%20sobre%2
0as%20condições%20para,correspondentes%20e%20dá%20outras%20providência
s. Acesso em: 20 mai. 2021.
UNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Atendimento. Disponível em:
https://pensesus.fiocruz.br/atendimento. Acesso em: 20 mai. 2021.
Por Alex Wander Nenartavis
Parabéns ao Acadêmico Áquila Oliveira, pelo belo texto. Obrigado por compartilhar conosco a sua visão sobre os Princípios do SUS !