Um encontro com a história de nossas vidas. Artesanário da Brasa para a Hanseníase no Brasil.

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Vou começar pela definição do evento para o qual fui convidada por Lorrainy Solano e Stefano Simoni coordenadores do Projeto, tive a honra de participar, neste último dia 15 10 2021: Artesanário. Uma criação coletiva para nomear encontros para além de informativos, formativos. Encontro com arte, com composição, como a própria raiz da palavra nos remete, um juntar de conhecimentos, não só científicos, saberes de vida, mas também com posicionamentos claros e um reconhecimento de que estas sabedorias também passam pelo campo das artes.

O  encontro na verdade já se inicia na escolha dos participantes. Este teve parceria e elos de ligação afetivos e criativos. Brasa (Brasil, Saúde e Ação), Morhan (MORHAN – Movimento de reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase), Rede de Saúde do Rio Grande do Norte, Rede Humanizasus, Educadores Populares em Saúde, Movimentos Sociais.

Ao me questionar sobre qual seria minha comtribuição neste momento? Me vendo em meio a pessoas super qualificadas do ponto de vista acadêmico e de experiências sobre o tema proposto: Acolhimento e Hanseníase. Que teria a acrescentar ali para além de meu desejo em colaborar e apoiar uma iniciativa que considero super importante para a saúde no Brasil?

Então pensei sobre meus últimos estudos sobre Paulo Freire e o quanto sua afirmação de que todos tem sempre alguma sabedoria. Ousei me sentar nesta roda, também com os aprendizados e com a história de vida com o Coletivo da Política Nacional de Humanização e da Rede Humanizasus.

Busquei então minhas vivências acumuladas: Lembrei de minha experiência com o Programa Estadual de Hanseníase em Santa Catarina, região do Médio Vale do Itajaí, quando de minha chegada a Blumenau para trabalhar na Regional de Saúde em 2004. O cenário era muito inusitado para mim: uma nutricionista que vinha com experiências profissionais em cozinhas industriais, hospital tanto clínica como própria produção de alimentos para os trabalhadores e pacientes. Porém nunca havia me deparado com pessoas com hanseníase. Nem havia estudado o tema, uma vez que esta patologia não tem em sua clínica relação direta com a alimentação do ponto de vista do tratamento mais direto. Restou me abrir ao aprendizado.

Estudei sobre a doença, investiguei sobre o programa, como se organizava, quais seus propósitos e modos de atuação administrativa tanto estadual como dos municípios que fazíamos referência (14 municípios da região do Médio Vale do Itajaí).

Nesta época não conhecia nem a região geograficamente, nem as pessoas de referência para o programa … o que me possibilitou conhecer tudo isso: o território e as pessoas.

Abracei o trabalho, me coloquei a disposição. Me coloquei no apoio com conhecimentos técnicos reproduzidos e aprendidos pelos estudo, não pela vivência. Busquei organização administrativa para facilitar meu trabalho e dos colegas. Ofertei acolhimento, atentando pela empatia com os técnicos, que conduziam os programas locais e indiretamente aos usuários do programa. Pela identificação de desafios e potencialidades nos tornamos, em coletivo uma referência de trabalho para outras regiões do estado. Como? Democratizando saberes, construindo em coletivo, em especial com a escuta dos usuários.

E este foi meu texto de fala no evento.

Ricardo Ceccin, (Enfermeiro, Sanitarista, Professor Doutor UFRGS RS) abriu a participação, apresentou a todes e se colocou brevemente diante do tema.

E assim fomos compondo este encontro com a liberdade da fala de cada um, cada uma, com a leveza do artesanário, com a improvisação, modo tão  peculiar deste espaço de construção, e também com os saberes geniais dos convidados.

Faustino Pinto, Movimento Morhan, Juazeiro do Norte CE

Ricardo Rodrigues Teixeira, Médico, Professor Doutor Universidade de São Paulo (USP SP)

Liane Beatriz Righi, Enfermeira, Professora Doutora Universidade Federal de Santa Maria (UFSM RS)

Itamar Lages, Enfermeiro, Mestre em Saúde Coletiva, Professor Universidade Federal Pernambuco PE (UFPE)

Ray Lima, Educador Popular em saúde, Cenopoesia, Fortaleza Ce

 

Assista o encontro completo pelo Canal da Brasa no Youtube.

Vamos seguir conversando? Como você entende o acolhimento como diretriz de atenção à saúde? Como podemos aplicar esta diretriz no acompanhamento, tratamento de pessoas com hanseníase?

Durante o evento foi apresentado o vídeo que dispara uma campanha em favor da atenção em saúde das pessoas com hanseníase que entre outras coisas pretende provocar o olhas da população em geral para as pessoas e não somente para a doneça como a maioria das campanhas veiculadas até o momento no Brasil.

Não esqueça a Hanseníase!

Então é isso: Não esqueça a hanseníase!

E como a cereja deste lindo bolo de composição saúde, arte e amorosidade…

recebemos como presente de Kalianny Silva, de Mossoró RN um cordel elaborado durante o encontro virtual.

Vamos unir as histórias

E assim vamos em frente

Ajuntar a nossa força

Tentar fazer diferente

Dando a volta por cima

Lutando por nossa gente

 

Professores, escritores

Profissionais de saúde

que na hora que precisa

eles tomam atitude

fazem palestras e encontros

lutam pra que tudo mude

 

Pessoas que se importam

que fazem acontecer

tem gente de todo canto

na peleja pra resolver

pequenos grandes problemas

com esperteza e saber

 

Eles fazem caravanas

buscando as melhorias

pra poder nos ajudar

um pouco mais cada dia

colocando esperança

esbanjando sabedoria

 

Lutas e grandes batalhas

estão sempre enfrentando

pra poder nos acolher

estão sempre conversando

pra achar uma solução

sem parecer desumano

 

Falando sobre saúde

foi isso que nos uniu

peço a Deus que os ajude

nesse mundo tão febril

pena que a apatia

tomou conta do Brasil

 

Um passo cheio de garra

e de força de vontade

que trabalha com amor

e ajudam comunidades

que sofrem com o descaso

dos que agem com maldade

 

A nossa população

que sofre tanto calada

por não ter a dimensão

do tanto que é amada

pessoas que valem muito

que pensam não valer nada

 

Não vou falar de doença

Vou falar de acolhimento

E gritar Viva o SUS!

com todo o meu sentimento

Pois a luta é de todos

que precisam neste momento

 

Que as pessoas que estejam

com doneça contagiosa

não se sintam excluidas

lutam para que elas possam

ter uma vida normal

de maneira amorosa.

 

Esse foi mais um encontro

para falar de acolhimento

na nossa rede de saúde

nos dando o entendimento

tentando amenizar

um pouco do sofrimento.