O número de cesarianas realizadas no Brasil é um dos maiores do mundo. Corresponde a 57% do total de partos no país e está acima dos 15% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Na rede pública de saúde, as cesarianas representam 40% dos nascimentos dos bebês; na particular, esse percentual sobe para 84%.
A prática exagerada desse tipo de intervenção cirúrgica preocupa as comunidades médicas e científicas. Quando mal indicada, pode causar traumas físicos e psicológicos a mães e filhos. O cenário tem feito crescer um movimento da sociedade em busca dar preferência a métodos mais naturais de concepção como o parto normal e o chamado parto humanizado.
No entanto, é comum achar que os termos são sinônimos, mas há diferenças a serem entendidas, pois estão diretamente relacionadas aos pontos críticos desse debate. Importante também a gestante possuir um plano de parto.
Parto normal deve ser priorizado
Excluindo-se os casos de emergência, o parto normal deve ser sempre a primeira opção. A hora do parto define-se de maneira natural, sem precipitar a chegada do bebê, ou seja, antes da 39ª semana completa. O nascimento no momento certo indica que a mãe está completamente desenvolvida e sua imunidade é maior.
No entanto, o uso de remédios, técnicas de indução e a falta de transparência com as gestantes na adoção desses procedimentos, mesmo em partos vaginais, fogem dos padrões determinados pela OMS. Presentes na rotina no sistema de saúde brasileiro, esses atos podem tornar o que seria natural tão inadequado e traumático quanto uma cesariana.
A ideia de humanização, portanto, deve ser transversal ao método utilizado nos nascimentos. Seja parto normal ou cesariana, a premissa da obstetrícia é oferecer a melhor e mais respeitosa experiência possível à gestante e ao bebê, em todas as etapas da gravidez, evitando condutas desnecessárias.
Características do parto humanizado
Há 36 anos a OMS editou junto à comunidade internacional de saúde normas para o que seria a condição ideal para o parto. Esses aspectos são considerados desde então os que caracterizam o parto humanizado e podem ser aplicados nos modelos de atendimento hospitalar.
A organização recomenda o incentivo ao parto vaginal, o aleitamento materno no pós-parto imediato, a proximidade entre mãe e recém-nascido no alojamento hospitalar e a presença do pai ou outro acompanhante durante o parto. O contato com a mãe promove os vínculos afetivos, bem como potencializa a criação de defesas imunológicas mais eficientes para o recém-nascido.
O parto humanizado deve ocorrer com acompanhamento médico, atuação de enfermeiras obstétricas e inclusão de parteiras leigas em regiões onde a rede hospitalar não está presente. Dentro dos hospitais, recomenda-se evitar rotinas desnecessárias e geradoras de risco, de custos adicionais ou excessivamente intervencionistas.
Essas e outras características do parto humanizado permitem que gestantes e familiares experienciem o parto de maneira integrada, participativa e consciente.
Por Emilia Alves de Sousa
Olá Luiz Afonso,
Muito interessante a sua postagem trazendo esta importante abordagem sobre o parto humanizado. O Brasil possui uma taxa elevada de partos sesarianos associada a procedimentos desumanos, e provocar um debate como este é essencial para as mudanças necessárias!