Entendo a qualidade de vida do profissional da Educação como a harmonia entre a saúde física, emocional e mental, associada à práticas internas e externas de “gestão de vida, auto sustentabilidade e seus resultados” esta tem sido uma discussão em todo o mundo. A atividade intelectual, pedagógica e educacional é desgastante, tendo ainda diversos fatores agravantes como excesso de trabalho, baixa remuneração, fatores de estresse, precariedade das estruturas e a formação deficitária no que diz respeito às melhores práticas para se manter a saúde emocional.
Além disso os educadores estão em contato permanente com todo tipo de conflito e sofrimento, desde familiares até os problemas ligados a marginalidade, criminalidade e comportamentos inadequados em diversos níveis tendo muitas vezes que intervir, amparar e conviver, gerando transtornos psicológicos, processos de somatização, estresse e doenças crônicas.
Não temos ainda uma cultura de cuidado com os nossos profissionais na educação, nem mesmo programas voltados para sua saúde e harmonia. É como se intuíssemos que todos sabem como orientar a própria existência livrando-se por conta própria de traumas, medos, dificuldades emocionais, auto desconhecimento, inabilidades, falta de energia pessoal, baixa autoestima e as diversas perdas resultantes dos fatores profissionais e vivenciais mal administrados.
E onde tudo isso vai parar?
Basicamente um efeito em cadeia acaba por trazer sérias consequências na vida do Educador, aquilo que poderia ser resolvido enquanto uma manifestação de um provável distúrbio, por falta de prevenção e educação para a vida, acaba se tornando um transtorno para a vida pessoal, trazendo consequências para família, amigos e ambientes de convivência. E, é claro, chegando dentro da sala de aula onde se necessita de equilíbrio, visão, motivação e habilidades diversas para orientar as variadas inteligências e personalidades, nesse momento as reservas intelectuais e emocionais estão esgotadas e o que se tem é um “Mestre estressado e desmotivado X Uma turma desinteressada e apática”, daí o ciclo está formado, certamente isso explica grande parte de nosso fracasso na educação.
De repente parece que o mundo caiu sobre minha cabeça, me sinto desmotivado, desanimado e sem rumo, tenho feito as coisas por mera rotina e necessidade, o mundo está cinza, minha vida perdeu o sentido e agora tenho vivido de raros lampejos, resultado de algum entusiasmo por minha vocação e um pequeno e quase insignificante brilho de vida.
Estes têm sido o sentimento de milhões de pessoas que aparentemente são bem sucedidas, centradas e ativas, mas que interiormente vivem em um mundo atribulado e às vezes confuso. Temos uma vida externa, e, somos educadores passando este mesmo conceito aos nossos alunos. Resultado? Colherão em breve os mesmos frutos.
Nossa cultura ocidental, voltada geralmente para o “realizar” está cheia de orientações sobre planejamento, organização, estratégias, administração de carreira, mas raramente tenho visto qualquer obra ou princípios que enfatizem a orientação do interior, do desenvolvimento da ordem interna, do espiritual (independente ou não de religião) e essa ênfase no externo traz um evidente desequilíbrio e até contradição entre o ser e sentir X o ter e realizar;
Nossa vida pública pode estar bem orientada, mas é no nosso íntimo que os valores se formam, é nessa parte particular que realmente sabemos quem somos e definimos para onde desejamos ir. E, quando o exterior subjuga o interior, ainda que pareçamos bem sucedidos, aparecem os conflitos, dúvidas e ansiedades aparentemente sem sentido, mas são reais e precisam ser tratadas.
No íntimo são feitas as decisões e definidas as intenções, é lá que são realizados os julgamentos com base naquilo que acreditamos e valorizamos e esta faceta de nossa vida precisa receber atenção para estar em ordem;
As pessoas que não estão com seu íntimo em ordem muitas vezes conseguem sucesso mas demonstram ao mesmo tempo uma inquietação inadequada, suas atividades aparentemente lhes são muito mais pesadas que realmente deveriam ser, mostram-se cansadas porém resignadas, confundem tranquilidade e serenidade com passividade e indiferença, rejeitam qualquer postura nesse sentido, por isso estão geralmente correndo de um lado para o outro, gesticulando e realizando diversas atividades ao mesmo tempo, passando uma imagem “altamente dinâmica” por uma auto percepção equivocada de si mesmo. A idéia intrínseca é de que essa postura lhe trará respeito, reconhecimento e resultados.
A descoberta de nosso mundo interior e as providências para colocá-lo em ordem certamente é uma das maiores descobertas para quem deseja ter de verdade “qualidade de vida” hoje em dia também muito difundida na forma de cuidado com o físico, saúde e lazer; Boas coisas, mas insuficientes para trazer satisfação ao ser humano.
Os caminhos para a quietude e ordem interior pode parecer um pouco desconectado de nossa realidade “competitiva” mas esteja certo, essa realidade está nos levando ao “caos”; Permita-me lançar algumas práticas que podem ser aprendidas e praticadas com resultados muito significativos;
_ Faça uma auto avaliação de cada área de sua vida; (Tenho uma auto avaliação pré-definida que poderá ser enviada gratuitamente por e-mail para aqueles que quiserem um guia para essa fase, peça pelo e-mail: [email protected]). Perceba cada área de sua vida, analise o tempo e potenciais gastos nessas áreas, descubra os valores de retorno para sua vida e perceba se a equação TEMPO/POTENCIAL X RESULTADO/SATISFAÇÃO estão em equilíbrio;
Coloque cada área nas perspectivas:
_ Nossa motivação, a força que nos leva a agir da maneira que agimos. Somos empurrados pelo ritmo dos tempos? Pela competição? Pelo sentimento de fazer parte? Pelas expectativas alheias? Pelo que você acredita e valoriza? Pelo que lhe dá prazer e qualidade de vida?
_Nosso tempo; Qual a relação TEMPO X IMPORTÂNCIA/RELEVÂNCIA? Quanto de seu tempo é gasto com coisas que você acredita ser importante ou essencial? Existe um equilíbrio?
_ Nosso sistema de crenças; Eu realmente acredito nessa divisão de tempo? Eu acredito no que estou fazendo? Estou satisfeito com os resultados? Isso é vida satisfatória? O que está faltando? Como completar agora?
_ Nosso íntimo; Estou fortalecendo meu interior? Estou me preparando para os momentos difíceis da vida? Estou me fortalecendo interiormente para ajudar a outros? Faço diferença pelo que “sou” como ser humano, como gente? O Que é mais importante para mim e para os outros, “EU GENTE ou EU PROFISSIONAL, STATUS?…
_ Nossa Paz interior; Estou suficientemente em paz interior para perceber os valores espirituais da vida? Minha sensibilidade está conseguindo captar as mensagens da família? dos amigos, da natureza, Posso ouvir a voz do Criador? Percebê-lo? Posso perceber algo além do meu campo material de visão? Posso curtir o amor, a alegria, a paz, a harmonia, a felicidade, a bondade, a generosidade? E quanto a uma boa música? As artes? Um livro?
Não tenho tempo pra isso pode ser uma amostra muito séria de quanto você valoriza a si mesmo e o quanto seu mundo interior precisa ser reeducado;
Procure fazer um autodiagnostico e nas próprias perguntas encontre as respostas, esse também será um ótimo exercício para quem quer encontrar o equilíbrio da vida e nesse encontro ter a oportunidade de um recomeço; Você pode se quiser. Esse exercício “não é” mais uma forma de pressão, mas um espaço reservado a busca da paz e equilíbrio.
Minha proposta é o desenvolvimento de um “Programa de monitoramento da QUALIDADE DE VIDA do Educador” PROEDUCADOR; cujas bases estão descritas no texto do Programa, solicite para sua SEMED ou SEDUC, será um prazer atendê-los.
Sucesso a todos!
Palestrante Múcio Morais