CUIDAR DE QUEM CUIDA: PROJETO DE INTERVENÇÃO PARA CUIDADORES

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Projeto apresentado à disciplina Psicologia do Desenvolvimento: O envelhecimento humano sob diferentes olhares, do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Envelhecimento da Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA), ministrado pelas docentes Profa. Dra. Danielle Abdel Massih Pio; Profa. Dra. Vanessa Baliego Andrade Barbosa e Profa. Ms. Ana Carolina Nonato.

Autores:

(1)    CARLOS EDUARDO CAVALCANTE BARROS

(2)    DAIANE BALDO APOLINÁRIO

(3)    ISABELLA VITTORIA FALLACI

(4)    JULIANA MARCELA FLAUSINO

O acelerado e expressivo crescimento dessa população traz conquistas sobre a longevidade, no entanto, acarreta também em desafios, os quais se acentuam não só na área de atenção à saúde, mas também na área social. Esse envelhecimento ocorre em um contexto histórico marcado por profundas desigualdades socioculturais, presentes em
todas as regiões do país (Aires et al., 2020).
À medida que a população idosa cresce, também aumenta a incidência de doenças crônicas, o que, por sua vez, eleva a demanda por cuidados em saúde. No entanto, são escassos os serviços de saúde capazes de atender adequadamente às especificidades dessa população. Nesse contexto, observa-se o predomínio de uma atenção voltada às emergências em saúde para os casos mais graves, enquanto muitas vezes há deficiências na rede de apoio formal. Como consequência, a estrutura familiar acaba absorvendo grande parte dessa demanda (Aires et al., 2020).
Salienta-se que a população idosa é a maior consumidora de serviços de saúde, apresentando maiores taxas de internação, elevado consumo de medicações de uso contínuo e maior realização de exames. Além disso, quando ocorrem perdas funcionais, a pessoa idosa frequentemente necessita de cuidados, os quais, em grande parte dos casos, são providos por familiares ou amigos, e não por cuidadores formais (Aires et al.,2020).
Sobre o significado de cuidado, na filosofia, essa abordagem compreende a priorização do que é social em detrimento do individual, na medida em que contribui para a melhoria da qualidade de vida. A técnica do cuidado envolve tanto intervenções assistenciais mediadas por ferramentas, quanto o acolhimento pelos profissionais de saúde. No âmbito da socialização, o cuidado engloba aceitação e confiança, elementos que sustentam os vínculos entre cuidadores e aqueles que recebem os cuidados (Resende; Dias, 2008)
O cuidador familiar, em geral, assume essa função de forma repentina e, muitas vezes, sem o preparo técnico, emocional e físico necessário para desempenhá-la.
Comumente, essa responsabilidade surge a partir de uma necessidade familiar ou pela falta de opções adequadas para o gerenciamento do cuidado do idoso em questão. Dessa forma, o familiar acaba ocupando a posição de cuidador ideal, ainda que essa não seja sua escolha pessoal (Nunes et al.,2018).
Assumir a função de cuidador frequentemente exige o gerenciamento de conflitos tanto no núcleo familiar quanto na esfera profissional. Isso resulta, muitas vezes, em prolongados períodos de estresse para o cuidador, que acaba negligenciando suas próprias necessidades em detrimento do cuidado ao outro. Esse cenário pode culminar em desfechos negativos, como o desenvolvimento de processos de adoecimento físico e mental, afetando a qualidade de vida do cuidador. (Nunes et al.,2018).
Nesse sentido, o apoio prestado por cuidadores informais, que muitas vezes não possuem o preparo adequado para lidar com as demandas do envelhecimento, torna-se indispensável. Além disso, é importante destacar que o envelhecimento é um processo heterogêneo, considerando a perspectiva biopsicossocial (biológica, rede de apoio, social, psicológica e cultural). Essa diversidade traz à tona a necessidade de promover a qualidade de vida e fomenta a reflexão sobre a importância do autocuidado. Ao mesmo tempo, facilita a construção de estratégias eficazes para o enfrentamento das adversidades inerentes ao envelhecimento.

A partir o cenário apresentado, o projeto visa desenvolver um programa de apoio destinado aos cuidadores de pessoas idosas, com foco na orientação sobre os desafios do autocuidado. Partindo da compreensão de dois grandes grupos (cuidadores formais e informais), entendendo suas singularidades, fornecer:
• Formação continuada
• Criação de um programa de cuidado em saúde
• Espaços de escuta ativa
• Compartilhamento de histórias de sucesso

A avaliação será conduzida de forma contínua, utilizando feedback durante as rodas de conversa e a comparação dos resultados do instrumento utilizado no início e no penúltimo encontro da intervenção. Além disso, será aplicado o Questionário Final de Avaliação do Projeto no encontro final, com o objetivo de captar a percepção global dos cuidadores sobre o impacto da intervenção.
Os principais aspectos a serem avaliados incluem:
• Qualidade de vida
• Bem-estar emocional
• Engajamento dos cuidadores

Referências:

AIRES, M.; FUHRMANN, AC; MOCELLIN, D.; DAL PIZZOL, FLF; SPONCHIATO, LF; MARCHEZANA, CR; e outros. Sobrecarga de cuidadores informais de idosos dependentes da comunidade em municípios de pequeno porte. Rev Gaúcha Enferm. 2020;41(esp):e20190156. Disponível em: https://doi.org/10.1590 /1983-1447.2020.

NUNES, D. P., BRITO, T. R. P. de, DUARTE, Y. A. de O., & LEBRÃO, M. L. Cuidadores de idosos e tensão excessiva associada ao cuidado: evidências do Estudo SABE. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 21, e180020, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-549720180020.supl.2

RESENDE, M. C. F., & DIAS, E. C. (2008). Cuidadores de idosos: um novo/velho trabalho. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 18(4), 785-800. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-73312008000400010

Para saber mais sobre as ações, planejamento, execução e avaliação dos resultados acesse aqui.

Credenciais:

(1) Aluno regular do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), profissão: Administrador

(2) Aluna regular do Programa de Pós-Graduacao em Gerontologia da Universidade federal de São Carlos (UFSCAR), profissão: Psicóloga

(3) Aluna regular do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), profissão: Gerontóloga

(4) Aluna regular do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), profissão: Enfermeira