Construindo Pontes Entre a Psicologia Hospitalar e a Humanização no SUS

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No contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), humanizar o cuidado vai além do atendimento técnico: é abraçar as singularidades de cada paciente e respeitar a complexidade que envolve a experiência de adoecimento. Na psicologia hospitalar, esse cuidado humanizado torna-se especialmente relevante, pois trabalha com as nuances emocionais e psicossociais que afetam os pacientes em situação de vulnerabilidade.

Pacientes com doenças crônicas, como os que necessitam de terapias renais, frequentemente enfrentam desafios que envolvem não apenas a adaptação ao tratamento, mas também lutos simbólicos, como a perda de autonomia e de aspectos de sua rotina. Nesses momentos, a psicologia age como ponte entre o paciente e sua nova realidade, trazendo compreensão e estratégias que facilitam a convivência com a doença, mas sem desconsiderar suas necessidades emocionais e subjetivas.

Uma das práticas mais efetivas dentro da psicologia hospitalar é a psicoeducação, que oferece ao paciente e à sua rede de apoio uma compreensão clara do que significa a doença e o tratamento. Esse processo de educação em saúde humaniza o cuidado ao possibilitar que o paciente assuma um papel ativo, promovendo a autonomia e fortalecendo a confiança no tratamento. No SUS, onde o tempo e os recursos são limitados, a abordagem psicoeducativa é fundamental para construir uma relação de parceria, onde o paciente sente-se acolhido e respeitado.

Outro aspecto essencial é o trabalho com as redes de apoio, especialmente em contextos de finitude. O adoecimento não impacta apenas o paciente, mas reverbera em suas relações e em seus laços de cuidado. Para que o cuidado seja integral, a psicologia hospitalar atua junto a familiares e cuidadores, oferecendo suporte emocional e ferramentas para enfrentar os desafios da doença e do luto.

Por fim, a humanização no SUS passa também por promover práticas interdisciplinares e de acolhimento, que ofereçam ao paciente um atendimento integral, onde ele é visto em sua totalidade. A equipe de saúde, ao dialogar e integrar-se, enriquece o cuidado, garantindo que as necessidades emocionais, sociais e clínicas sejam atendidas de maneira coordenada e empática.

A humanização do cuidado é uma construção constante, que exige escuta, respeito e acolhimento. Fortalecer essas práticas no SUS é investir em saúde pública de qualidade, onde o paciente é sempre tratado como protagonista de sua jornada, com dignidade e humanidade.

Amanda Sacramento Maia

Psicóloga Hospitalar

CRP 03/21258