Cuidado em Liberdade – Estágio em Saúde Mental no CAPS Dr. Rostan Silvestre

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Meu nome é Thayná Costa Tenório Ribeiro Neves e fui estudante do Internato em Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas durante o 9° período. Esta postagem trata-se de um relato acerca das experiências vividas no Centro de Atenção Psicossocial Dr. Rostan Silvestre em jullho de 2025. Durante 3 semanas, pude conhecer a estrutura do CAPS e como a equipe multiprofissional atua na vida de diversos usuários e suas famílias, bem como participar ativamente das atividades em grupo e acompanhar a visita domiciliar, além de interagir com os usuários.

A oportunidade de presenciar acolhimentos e acompanhar o trabalho multiprofissional me fez compreender, na prática, o que significa cuidar de forma integral e humanizada. O envolvimento dos profissionais com os usuários, buscando não apenas controlar sintomas, mas também promover funcionalidade e sentido na vida cotidiana, me relembrou a essência do cuidado na Medicina. As atividades em grupo, como meditação, teatro e os encontros do grupo “Cuidando de Si”, mostraram-se potentes ferramentas terapêuticas, capazes de gerar reflexões profundas sobre subjetividade, vínculos e enfrentamento de adversidades.

No contexto da Reforma Psiquiátrica Brasileira, o CAPS é espaço de resistência e reconstrução, onde o sujeito é protagonista de seu próprio processo de cuidado. Ao participar de atendimentos médicos, visitas domiciliares e grupos terapêuticos, percebi o quanto o trabalho no CAPS é singular — centrado na escuta, na construção de vínculos e na valorização da história de vida de cada usuário. O grupo de música, por exemplo, evidencia a música como uma linguagem potente, capaz de evocar memórias, afetos e resgatar narrativas adormecidas, fortalecendo identidades.

Tal vivência também me fez refletir sobre o estigma que ainda paira sobre os transtornos mentais e sobre os serviços como os CAPS. Ver de perto o potencial de transformação presente em cada atividade, em cada gesto de cuidado e em cada interação me fez enxergar o quanto é necessário combater os preconceitos que desumanizam pessoas em sofrimento psíquico. Como futura médica e como ser humano, saio desse período mais sensível, mais crítica e, sobretudo, mais comprometida com uma Medicina que reconhece a importância da escuta, do afeto e do cuidado em liberdade.