Relato de experiência no estágio de Saúde Mental no Caps Dr. Sadi Feitosa de Carvalho

Olá, sou o Luiz Mateus Góis e atualmente no Internato em no rodízio de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas.

Durante o meu estágio no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Dr. Sadi Feitosa de Carvalho, tive a oportunidade de vivenciar de forma intensa e transformadora a prática da atenção psicossocial. A experiência me proporcionou não apenas a aplicação dos conhecimentos teóricos adquiridos ao longo da graduação e na discussões com o professor Sérgio, mas também um novo olhar sobre o cuidado em saúde mental.

Desde os primeiros dias, percebi que o CAPS vai muito além de um espaço de atendimento clínico: é um lugar de acolhimento, escuta ativa e construção de vínculos. A rotina do serviço me mostrou como o cuidado pode (e deve) ser centrado no sujeito, respeitando suas histórias, contextos e formas de existir no mundo.

Os usuários se respeitam, respeita a equipe e criam um verdadeiro vínculo de pertencimento. Há sempre a partilha de experiências, dores e conquistas criava um ambiente de empatia, acolhimento e solidariedade genuína. As atividades realizadas proporcionavam isso (atividades lúdicas era as mais usadas). Era possível perceber o quanto o pertencimento a esse espaço coletivo fazia diferença na vida das pessoas — muitas vezes mais do que qualquer intervenção medicamentosa isolada. Seria a máxima de Friedrich Nietzsche aplicada: “a arte existe para que a realidade não nos destrua.”

Outro ponto marcante da minha experiência foi a convivência com a equipe multiprofissional. A articulação entre profissionais de diferentes áreas — psicologia, teatro, enfermagem, terapia ocupacional, educação física, assistência social — me ensinou a importância do trabalho interdisciplinar e do planejamento terapêutico construído de forma compartilhada. Entendi, na prática, que o cuidado em saúde mental precisa ser construído em conjunto: com a equipe, com os usuários e com seus familiares. Por fim, fico com a convicção de que o cuidado em saúde mental deve ser humanizado, antimanicomial e comprometido com a liberdade, a reinserção social e a dignidade dos sujeitos.
Essa vivência no CAPS Dr. Sadi Feitosa de Carvalho foi, sem dúvida, um marco na minha formação médica. Mais do que conhecimentos técnicos, saio com aprendizados humanos profundos que certamente moldarão minha prática profissional no futuro.