Loucura e gênero: o papel da mídia e o impacto na saúde pública

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Debate aconteceu no dia 18 de julho, com transmissão pela VideoSaúde Distribuidora

Realizada no último dia 18 de julho, a sessão do Centro de Estudos do Icict/Fiocruz trouxe o debate, a partir da tese da aluna Camila Franklin, do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/Icict/Fiocruz) sobre como a loucura era tratada pelos jornais O Globo, do Rio de Janeiro, com alcance nacional, e o jornal O Dia, de Teresina, no Piauí, uma mídia local.

A jornalista e pesquisadora Camila Franklin apresenta a sua tese e mostra suas pesquisas, abordando as questões de gênero e os preconceitos que permeiam a cobertura jornalística de 1960 a 2024 nos dois periódicos e o impacto disto na saúde mental das mulheres e na sociedade. O debatedor é o pesquisador e professor do PPGICS, Wilson Borges.

Para os trabalhadores e usuários do Sistema Único de Saúde – SUS, esta discussão é atual e relevante, pois destaca o jornalismo como “espaço de disputa simbólica, delineando o conceito de ‘Dinâmica Narrativa da Loucura’, que influencia diretamente a percepção pública e as políticas de saúde mental”.

Assista ao debate aqui

Sobre o PPGICS

O Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS), da Fiocruz, oferece cursos de mestrado e doutorado acadêmicos e é voltado ao fortalecimento do SUS, visando a formação de pessoal qualificado para o desenvolvimento de atividades de pesquisa e ensino, relacionadas à informação e comunicação no campo da saúde pública.

O Programa obteve nota 6 na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes, passando a integrar o Programa de Excelência Acadêmica (Proex), do Governo Federal.

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Inscrições abertas

Inteiramente gratuito e recebendo alunos de todo o Brasil, o PPGICS está com inscrições abertas para 2026, entre os dias 11 de agosto e 12 de setembro de 2025.

Os cursos oferecem vagas também para pessoas com deficiência; negros, pardos e indígenas; pessoas transgêneras; e mães de filhos com deficiência, buscando ampliar a diversidade entre seus alunos e a pluralidade de culturas e visões de mundo.

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Resumo da tese
“Eco no Silêncio e na Saúde: A produção de narrativas sobre loucura e gênero nos jornais O Globo e O Dia (PI)”

Esta tese investiga a produção de narrativas sobre loucura e gênero nos jornais O Globo e O Dia (PI). O objetivo foi compreender os modos como o jornalismo produz e coloca em circulação os sentidos sobre a loucura relacionada às mulheridades entre as décadas de 1960 e 2020, sobretudo, em um cenário de ameaças de direitos e de desmonte de políticas públicas de saúde mental no Brasil nos últimos anos.
Investiga-se como não há uma linearidade diacrônica na compreensão sobre a psicopatologização relacionada às mulheridades, que acompanhe o avanço das políticas públicas de saúde mental, pois a complexidade do fenômeno nos revela como esse movimento não é previsível, podendo romper a qualquer momento com as tensões que lhes são impostas.

Nesse caminho, a raça, a classe e o eixo civilizatório que comporta as mulheridades, são determinantes não apenas para a compreensão sobre a loucura, mas também, para os modos como essas sujeitas se apresentam através das narrativas jornalísticas. Constrói-se então, manobras sobre o fenômeno: seja relacionada a uma suscetibilidade à loucura, a uma periculosidade patológica, a um escudo patriarcal e colonial, ou a uma estratégia radical de sobrevivência, subversão e transposição do sistema hegemônico, as mulheridades contornam os processos de enlouquecimento construindo o desvio-do-desvio, instrumentalizando a loucura como um gesto de mobilização política.

Esta investigação parte dos estudos narratológicos a partir da fenomenologia e das historicidades com Ricoeur (1994, 1997), da dimensão da construção noticiosa nos estudos das narrativas com Borges (2014) e da interpretação narrativa com Flores (2016, 2019), para perceber como esse processo dilata os sentidos narrativos no tempo, revelando tons, contornos e brilhos diferentes quando se trata sobre a patologização de sujeitas e sujeitos, dando materialidade a elas em um jogo de disputas que se apresenta como determinantes para a visualidade, a compreensão e a apreensão sobre a loucura no mundo, e construindo o que denominamos de dinâmica narrativa da loucura.

Nesse sentido, o jornalismo é a arena onde esses embates acontecem, evidenciando as tensões e revelando os sintomas da psicopatologização feminina.

Com isso, identificamos como os jornais constroem ecos e reverberações entre si e entre os sentidos sobre a patologização de mulheres, costurando efeitos gerados na circulação, na circularidade e na apropriação dessas narrativas, que condicionam, em larga medida, a elaboração de políticas públicas de saúde mental no Brasil.

Links importantes

Centro de Estudos do Icict/Fiocruz: “Eco no Silêncio e na Saúde: A produção de narrativas sobre loucura e gênero /O Globo e O Dia (PI)”
https://www.youtube.com/watch?v=S246qYH-lgs

PPGICS: Defesa de tese aborda as narrativas sobre loucura e gênero nos jornais
https://www.icict.fiocruz.br/noticias/ppgics-defesa-de-tese-aborda-narrativas-sobre-loucura-e-genero-nos-jornais

PPGICS 2026 – Mestrado e Doutorado – Inscrições abertas (de 11/8 a 12/9/2025) https://ppgics.icict.fiocruz.br/not%C3%ADcias/doutorado-e-mestrado-2026-ppgics-inscri%C3%A7%C3%B5es-abertas-de-118-129

PPGICS – Vídeos de docentes e alunos sobre o Programa

https://ppgics.icict.fiocruz.br/videos

 

Créditos: Texto: PPGICS Divulgação | Imagem: Violência de gênero | Freepik | Creative Commons