Equidade no acesso ao cuidado do AVC: um desafio global e nacional
Equidade no acesso ao cuidado do AVC: um desafio global e nacional
O acidente vascular cerebral (AVC) continua sendo uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. Apesar da existência de tratamentos eficazes — como unidades especializadas de AVC, trombólise intravenosa e trombectomia mecânica — milhões de pessoas não conseguem acesso a essas terapias devido a desigualdades profundas.
Em países de baixa e média renda, a realidade é marcada por carência de infraestrutura, escassez de profissionais treinados e ausência de sistemas de transporte e referência eficientes. Mesmo em países com maior disponibilidade de recursos, as disparidades internas persistem: populações que vivem em áreas rurais e periféricas enfrentam atrasos na chegada ao hospital e perdem a janela terapêutica.
No Brasil e em outros contextos globais, fatores sociais — como renda, raça/cor, gênero e nível educacional — agravam ainda mais o cenário. Esses determinantes sociais da saúde influenciam tanto o reconhecimento precoce dos sinais de alerta do AVC quanto o acesso a serviços de prevenção, tratamento e reabilitação.
A falta de equidade no cuidado do AVC amplia as taxas de mortalidade, aumenta o número de pessoas com sequelas incapacitantes e gera impacto social e econômico significativo. Por isso, é urgente fortalecer políticas públicas voltadas à universalização do acesso, expandir o uso da telemedicina, investir em campanhas de educação em saúde e implementar programas de certificação de centros de AVC.
Na minha experiência profissional, a falta de acesso é uma barreira que encontramos em vários municípios brasileiros, tanto no atendimento ao paciente com diagnóstico de AVC na fase aguda quanto, principalmente, no momento da alta hospitalar, quando surge a dificuldade em garantir a continuidade do cuidado por meio da reabilitação.
A promoção da equidade em saúde é um compromisso ético e uma necessidade para reduzir desigualdades e salvar vidas.
Referência:
Martins, S. C. O. (2025). HEADS UP 2024: Policy Efforts to Improve Equitable Access to Acute Stroke Care Globally. Journal of the American Heart Association, e037784. https://doi.org/10.1161/JAHA.124.037784