Tenda do Conto: uma prática desmedicalizante e despatologizante em saúde mental
Nos dias 12/06, 10/07 e 13/08 de 2025 fizemos a Tenda do Conto em Maceió, Alagoas.
Foi a melhor maneira que encontrei para trabalhar com o tema “Apoio mútuo comunitário e reconstrução pós-desastre: desafios e estratégias”, uma ação de reparação extrapatrimonial devido às terríveis consequências da retirada de sal gema do solo da cidade, pela mineradora Braskem.
A Tenda do Conto foi realizada no Projeto Sankofa, da FEPESA – Fundação de Apoio ao Ensino, Extensão e Pesquisa de Alagoas, e da Cuidar Escola Livre de Saúde. Essas são duas das organizações parceiras do “Programa Nosso Chão, Nossa História”, uma iniciativa realizada pelo Comitê Gestor dos Danos Extrapatrimoniais (CGDE) e o UNOPS/ONU, voltada à reparação de danos morais coletivos causados pelo afundamento do solo em Maceió. As atividades e ações realizadas pelos parceiros refletem suas próprias abordagens e responsabilidades, alinhadas aos objetivos do Programa.
Participaram pessoas que moram ou moraram nas áreas atingidas, estudantes e profissionais de diversas áreas, militantes, artistas e outras pessoas interessadas na Formação de Agentes Psicossociais em Situações de Emergências e Desastres.
Tal como orienta a criadora da Tenda do Conto, Maria Jacqueline Abrantes Gadelha, solicitamos, previamente, que cada participante trouxesse um objeto importante para si, que foi colocado em mesa à vista de todas as pessoas. Em seguida, foi explicada e a contratualizada com as pessoas participantes a atividade. A partir daí, fez-se o convite para que cada pessoa pudesse pegar seu objeto e, caso quisesse, pegasse um objeto de outra pessoa, com a devida permissão da mesma.
“O convite está feito, a Tenda está posta, a cadeira está vazia,
venha fazer seu conto
de dor, de amor ou de alegria…”
A participante, então, passava a tecer uma narrativa a respeito de si, tomando o objeto como disparador de sua própria história.
Foram muitas histórias emocionantes de dor, luta, resistência, amorosidade e esperança.
Houve muito respeito e acolhimento. Muita emoção, muitas lágrimas.
E, como esperado, durante a Tenda do Conto houve várias identificações entre as pessoas, a partir do relato de suas histórias, com processos de ressignificação, criando e/ou fortalecendo redes de afeto solidárias.
Terminada a Tenda, foi feita uma apresentação dialogada a respeito da mesma, trazendo o histórico, bases teóricas e metodológicas da mesma.
Decerto marcou significativamente e de maneira positiva as pessoas, espalhando sementes para a criação de outras Tendas, pelas pessoas participantes.


Por jacqueline abrantes gadelha
Sérgio,
É bonito de ver a Tenda do Conto mobilizando memórias e afetos, trazendo a força da narrativa, da escuta e a construção coletiva de vínculos em temática tão importante! Emocionante sentir que a Tenda do Conto tem a potência de se constituir em território de resistência. Um forte abraço a você e ao povo alagoano.