Relato de Experiência no CAPS Dr. Rostan Silvestre – Maceió/AL
Pedro Lucas dos Santos da Silva
Estagiário de Medicina – Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Durante o estágio no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Dr. Rostan Silvestre, em Maceió/AL, tive a oportunidade de vivenciar de perto a prática da Psiquiatria sob uma perspectiva ampliada e humanizada. Foi um período de grande aprendizado, tanto técnico quanto pessoal, que me permitiu compreender que o cuidado em saúde mental deve ser pautado em uma visão holística, considerando o sujeito em sua integralidade(corpo, mente, história e contexto social).
No convívio diário com os usuários e a equipe multiprofissional, percebi a importância de escutar e compreender as trajetórias de vida das pessoas que enfrentam transtornos mentais. Cada história revelou a potência e a vulnerabilidade humanas, ensinando-nos sobre empatia, acolhimento e respeito às singularidades.
Participamos, ativamente, de diversas oficinas terapêuticas, que se mostraram essenciais para o processo de reabilitação psicossocial dos usuários. Dentre elas, destaco a oficina de ouvidores de vozes, que me chamou a atenção pela forma como promove o compartilhamento de experiências e a ressignificação das vozes, fortalecendo a autonomia e o autocuidado dos participantes. Também a oficina de teatro e música teve um papel marcante, pois, através da arte, os usuários puderam expressar emoções, trabalhar a autoestima e fortalecer o vínculo com o grupo e com os profissionais. Na oportunidade que tivemos de acompanhar um dos ensaios para uma apresentação externa, ficamos irradiantes de felicidade pela entrega dos participantes e pela efetividade do movimento. Essas atividades demonstraram como o CAPS vai além da medicalização, oferecendo espaços de expressão, socialização e construção de sentido para a vida.
No encerramento do estágio, tivemos a oportunidade de ministrar uma palestra sobre a prevenção da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e do Diabetes Mellitus, abordando hábitos de vida saudáveis e estratégias de autocuidado. A atividade foi uma forma de integrar a atenção à saúde física com o cuidado em saúde mental, reforçando a visão integral do indivíduo. Na oportunidade, para dinamizar e reter a atenção dos usuários ao que estava sendo discutido, expliquei, didaticamente, por meio de recursos simples( garrafas, balde e água), como os vasos do corpo humano funcionam sem HAS e com HAS não tratada. A ideia surtiu efeito, inclusive, ao fim da palestra, os usuários fizeram algumas perguntas demonstrando interesse pelo assunto pontuado.
Finalizo este relato com a certeza de que a vivência no CAPS Dr. Rostan Silvestre foi fundamental para minha formação médica e humana, despertando em mim uma compreensão mais ampla sobre o cuidado em saúde mental e o papel social do médico dentro do Sistema Único de Saúde (SUS).
Por patrinutri
Que experiência linda Pedro! Obrigada por compartilha-la conosco!
Fico cada vez mais feliz em ver que a educação dos profissionais de saúde tem buscado estes espaços de vivência e sensibilização dos futuros profissionais para uma atuação centrada no sujeito, com escuta sensível e ativa, desmedicalizante, voltada para um SUS de qualidade, humanizado, em defesa da vida!
Parabéns e obrigada por compartilhar!
AbraSUS!
Patrícia
Blumenau SC