ALÉM DA TABELA NUTRICIONAL: SABORES E SABERES DAS MEMÓRIAS ALIMENTARES AFETIVAS
Michelli Cristina Gomes da Costa, Instituto Municipal Philippe Pinel, nu************@gm***.com
Jéssica Machado da Silva, Instituto Municipal Philipe Pinel, je***************@gm***.com

Em consonância com a Política Nacional de Humanização (Brasil, 2013), que valoriza o cuidado integral e o protagonismo do paciente, este trabalho parte do entendimento de que a alimentação ultrapassa a dimensão dos nutrientes, sendo também parte essencial da identidade e do bem-estar (Fischler, 1995). No campo da saúde mental, sabores e saberes ligados à comida, atuam como recursos terapêuticos, fortalecendo a autoestima e criando vínculos sociais (Amarante, 2007). Objetivo: Oferecer um momento de acolhimento nutricional através do registro das memórias afetivas alimentares dos pacientes.
Participaram dos encontros 22 pacientes em internação, ao longo de 20 dias, no espaço de convivência do Instituto, como também na área externa, que proporcionou um ambiente agradável e propício a conversas informais. Os encontros aconteciam pela manhã, após a colação, com o tempo de 30 minutos à 1 hora e nesse período, narrativas e receitas afetivas foram ouvidas e registradas com atenção, valorizando as histórias e os detalhes culinários compartilhados.
A iniciativa mostrou efeitos significativos na forma como os participantes se relacionavam com suas lembranças. As narrativas revelaram nova compreensão da alimentação, não apenas como nutrição, mas como expressão de cuidado e conexão. O registro simbólico das receitas e as memórias associadas transformaram-se em marco do processo vivido, evidenciando que a Nutrição pode ultrapassar seu papel tradicional, atuando como prática de acolhimento que integra aspectos subjetivos e afetivos à atenção em saúde mental. Foram resgatados não apenas pratos e ingredientes, mas também memórias da infância e histórias pessoais repletas de vínculos e significados. O material produzido serviu como memória afetiva do processo, reforçando o valor da alimentação como instrumento de cuidado humanizado.
Os encontros mostraram que recuperar receitas ultrapassou a uma simples coleta de dados. Ao narrar lembranças, os pacientes reviveram experiências e demonstraram lucidez ao falar de afetos. A boa aceitação e o interesse em novos encontros indicam o impacto positivo terapêutico da proposta. Com isso, conclui-se que a Nutrição pode assumir papel ampliado, tornando-se instrumento de acolhimento que integra história, memória e que a alimentação reafirma-se como elo afetivo e recurso de resgate da própria identidade.
Palavra Chave: Mostra HumanizaRIO