Humanização da saúde vira arma contra a dengue no Rio
Cerca de 20 profissionais com experiência em humanização da saúde que atuam em diversas regiões do Brasil já foram deslocados para o Rio de Janeiro, em caráter emergencial, para auxiliar no tratamento das vítimas da epidemia de dengue que atinge a cidade. A medida faz parte de um conjunto de ações de combate à doença anunciado no dia 24 de março pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
Composto por médicos, enfermeiros, psicólogos e outros profissionais de saúde ligados à Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS, o grupo foi convocado para implementar nos hospitais cariocas, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde e o Departamento de Gestão Hospitalar do Rio, o chamado acolhimento com classificação de risco – estratégia de atendimento em que os pacientes são avaliados e encaminhados aos diversos tipos de unidade de saúde conforme a gravidade de cada caso.
Especialista no assunto, a médica mineira Adriana Mafra foi uma das profissionais recrutadas pelo Ministério da Saúde para atuar junto à força-tarefa montada no Rio. "Estamos atuando em três frentes: na qualificação de médicos e enfermeiros para o manejo da dengue, na pactuação de um protocolo clínico definido para fazer este manejo e na revisão dos fluxos de atendimento ao público", explica.
Na prática, as mudanças têm permitido que cada paciente com suspeita de dengue que chega aos hospitais do Rio faça, no tempo médio de 20 segundos, o exame de sangue necessário para a detecção da doença; seja encaminhado com agilidade para tendas de hidratação, pronto-socorros ou hospitais, conforme o diagnóstico; receba hidratação imediata com a ajuda de profissionais habilitados; e, finalmente, receba o chamado "cartão dengue", que permite acompanhar a evolução da doença e garantir a marcação de consulta médica posterior caso necessário.
"A Política Nacional de Humanização vem sendo importante meio de proposições concretas para lidar com esta epidemia. Isso é importante, pois sabemos da gravidade que pode envolver esse problema no momento e para os próximos anos", afirma o coordenador da Política Nacional de Humanização no Rio de Janeiro, Ricardo Vaz.
Para o coordenador nacional da Política Nacional de Humanização, Dário Pasche, a ajuda vai muito além da colaboração técnico-científica. "Nossa equipe constitui com as equipes locais um grupo de trabalho cuja tarefa é construir de forma coletiva e partilhada um plano de ação. É muito importante para nós este modo de fazer, construindo junto, o que nos permite a aposta de que algo ficará para além da crise da dengue”, explica.