HumanizaSUS dispara intervenção no Hospital de Base do DF
A Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS e a Secretaria de Saúde do Distrito Federal deram, na manhã desta quinta-feira (19), o pontapé inicial de uma parceria que promete reformular a organização e a prestação dos serviços oferecidos pelo Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), considerado uma referência do SUS na região.
O passo decisivo para a implementação das propostas do HumanizaSUS no HBDF aconteceu durante encontro que contou com a participação de toda a equipe e direção do Hospital de Base, do secretário de Saúde do Distrito Federal e dos consultores da Política Nacional de Humanização que atuam em Brasília, além de um convidado especial: o médico sanitarista Gastão Wagner de Souza Campos, ex-secretário executivo do Ministério da Saúde e professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Unicamp.
Integrante do grupo que dará suporte à intervenção do HumanizaSUS no HBDF, Gastão compartilhou com os profissionais do hospital sua experiência na implementação dos dispositivos oferecidos pela Política Nacional de Humanização. Numa conversa que marcou a abertura oficial da parceria, o pesquisador e sanitarista falou sobre os principais desafios que costumam ser enfrentados neste processo, ressaltando a necessidade de envolvimento da gestão e da equipe do hospital no novo modo de trabalhar que será construído.
Desafio e motivação – “O principal desafio para a construção de um modelo de atenção humanizado no Hospital de Base é o processo de trabalho fragmentado que caracteriza o hospital atualmente. As áreas procuram fazer cada uma o seu trabalho mas não conversam entre si, e essa falta de diálogo acaba comprometendo o resultado do trabalho como um todo”, explicou Gastão, que se mostrou satisfeito com o interesse da equipe do HBDF em relação ao HumanizaSUS. “A equipe da regional centro-oeste conseguiu motivar a direção e os funcionários de forma muito concreta”, disse.
Apesar de ter sido aberta oficialmente nesta quinta, entretanto, a intervenção da Política Nacional de Humanização no Hospital de Base já começou. Desde o dia 2 de janeiro, o hospital já trabalha com o dispositivo da visita aberta e direito a acompanhante, proposto pelo HumanizaSUS. O HBDF, que até então só permitia visitas de apenas 30 minutos de segunda a sexta, agora abre suas portas diariamente para visitas com duração de 6 horas (das 11 às 17h) com até 5 acompanhantes. O próximo passo é encarar de frente o maior desafio do hospital: o pronto-socorro, principal porta de entrada da unidade.
“O pronto-socorro é organizado atualmente por clínica, com os especialistas de cada área separados por box e recebendo gente com todo tipo de necessidade. Com isso, o profissional acaba não conseguindo fazer o atendimento que tem que fazer”, explica a consultora HumanizaSUS Maria Elisabeth Mori, que atua na intervenção do HBDF. “Com a implantação do Acolhimento com Classificação de Risco, esse serviço será organizado em áreas por grau de gravidade”.
De acordo com a consultora, a intervenção no pronto-socorro se dará em duas frentes: na remodelação da estrutura física do setor e na capacitação dos profissionais para trabalhar com esta metodologia. Com esse objetivo, já estão agendadas para o mês de maio duas oficinas sobre pronto-atendimento de urgência com a consultora Marilene Wagner. Uma outra oficina, coordenada pela consultora Mirela Pessatti, referência em ambiência hospitalar, discutirá os fluxos de trabalho do pronto-socorro para subsidiar a elaboração de uma nova planta para o setor. “Nossa expectativa é chegar ao final de 2009 com vários dispositivos implantados”, disse a consultora da região centro-oeste.
Adesão estratégica – O diretor do HBDF, Luiz Carlos Schimin, explicou que pretende, em parceria com instituições de ensino superior de Brasília, iniciar um projeto de acolhimento através do qual estudantes da área da saúde seriam capacitados para acolher cada paciente, classificar o risco e dar o encaminhamento necessário a cada caso. Na opinião do diretor, as propostas do HumanizaSUS já têm conquistado a adesão dos profissionais que atuam no hospital: “Estamos levando essa discussão até eles, em seus locais de trabalho”, explica.
Para o secretário de Saúde do Distrito Federal, Augusto Carvalho, a intervenção da Política Nacional de Humanização no HBDF é estratégica. “Estamos procurando dar um choque de gestão na nossa rede de saúde e a contribuição do HumanizaSUS é muito bem-vinda nesse processo, trazendo uma nova metodologia que será construída com o debate e a participação dos profissionais. Estou esperançoso de que brevemente teremos mudanças no Hospital de Base que irradiarão para outras unidades da nossa rede”, disse o secretário.
Por Cláudia Matthes
Acredito que os movimentos da pnh em hospitais sacodem todas as redes básicas de saúde.E todos os laços da rede.
Se um hospital se coloca em movimento sacode varias bases e isso é muito bom.
Melhor mesmo é quando um hospital resolve produzir saúde para a comunidade e para si próprio e, melhor ainda se tem Gastão fazendo um cerzido "visível" trazendo novas encruzilhadas.
Belos movimentos produzindo novas caminhadas.
Um grande e afetuoso abraço:
Cláudia-fã de Gastão