PNH: instrumento da Educação Permanente e da qualificação dos espaços de reunião de equipe
O Sistema Único de Saúde tem como principal elemento da Atenção Básica a Estratégia Saúde da Família, para atender esta proposta, a gestão da Atenção Básica do município de Timbó, lança mão de táticas de integração ensino-serviço que qualifiquem os tralhadores da saúde para a lógica da Estratégia Saúde da Família. Na Atenção Básica do município de Timbó, foi elaborado o projeto de Educação Permanente baseado em três documentos; a Politica Nacional de Atenção Básica (PNAB), Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) e Política Nacional de Humanização (PNH).
Estas politicas estão focadas na revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica e Estratégia Saúde da Família (ESF); dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde e propõe ação estratégica que visa a contribuir para transformar e qualificar as práticas de saúde.
As diretrizes da EPS no município de Timbó não estavam incorporadas no processo de trabalho das equipes, que já contemplavam os espaços de reunião de equipe com carga horária adequada. As ações de educação permanente em Saúde ainda eram insipientes pela falta de apoio, até mesmo de conhecimento e de participação dos profissionais e gestão.
O clima organizacional encontrava-se desfavorável para o desempenho das atribuições das equipes de saúde, decorrentes dos conflitos na estrutura organizacional, dos conflitos interpessoais e interprofissionais, das relações de poder e disparidades na valorização profissional e da cultura individualista.
As ações incentivadas pela PNH no município de Timbó, tem a intenção de ser um processo de construção participativa, entendendo que o ambiente de trabalho deva promover relações humanizadoras tanto focada ao usuário, como também aos seus trabalhadores.
Inicialmente a caminhada para construção deste espaço mostrava-se timidamente em ações isoladas no Grupo de Trabalho em Humanização (GTH). Este grupo reunia-se uma vez ao mês, para discutir os dispositivos e as propostas da PNH, com o objetivo de aprofundar seus conhecimentos nas diretrizes e propor dinâmicas. Os participantes do GTH tinham a incumbência de multiplicar estes conteúdos nas reuniões das equipes a que pertenciam, mas não havia garantias que as equipes abrissem estes espaços nas pautas, havia um certo desconforto no grupo pois estes representantes encontravam resistência para replicar os conteúdos propostos.
Reavaliando esta problemática e para qualificar os espaços de reunião de equipe, de forma a atender as necessidades dos profissionais e as demandas dos usuários de forma adequada, foi elaborado este projeto, visando ampliar o conhecimento e o envolvimento de todos os servidores na PNH.
O projeto de Educação Permanente para os profissionais da Estratégia Saúde da Família, propôs que as metodologias ativas sugeridas pelo Humanizasus, estariam contempladas transversalmente aos temas, desta forma adotou-se praticas inovadoras que contemplassem o objetivo principal de sensibilizar os trabalhadores para Humanização da atenção à saude, efetivando e incentivando trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários.
A gestão municipal garantiu os espaços de reunião de equipe individual e coletiva, em um organograma esquematizado para todo o ano. Essas reuniões em grupo aconteceram em duas quartas-feiras por mês, em ambos períodos (matutino e vespertino), distribuindo-se três equipes por período, contemplando assim as 12 Equipes de Saúde da Família no mês. Cada Equipe participará de 10 encontros com duração de quatro horas cada. Salienta-se que o rodízio de equipes foi adotado para garantir a oportunidade de troca de experiências.
Em vista de atender a estas demandas, a coordenação da Atenção Básica em conjunto com o NASF, apontaram os principais objetivos: elaborar cronograma, realizar encontros/oficinas, efetivar a participação de todos os servidores integrados as diretrizes do Humanizasus, alterar metodologia valorizando os temas pertinentes aos processos de trabalho, mapear os trabalhos levantando os resultados significativos a fim de efetivar e socializar entre as equipes, utilizar metodologias ativas e estratégias pedagógicas (práticas e dinâmicas), criar rodas de discussão possibilitando a resolução de problemas e utilizar as ferramentas da Política de humanização: acolhimento, clinica ampliada, projeto terapêutico singular, Fluxograma analisador entre outros.
No ano de 2012 cumprimos a primeira etapa deste projeto onde conseguimos realizar grande parte dos objetivos apontados. Houve uma melhor integração entre equipes e a parte organizacional das reuniões de equipe foram exitosas, tanto na visão da gestão como dos servidores e usuários. Os temas apontados inicialmente foram intercalados com as demandas que surgiram das equipes durante o ano. Dos oito encontros efetivados três deles apontaram o acolhimento como tema chave da discussão e os demais temas estiveram fortemente ligados as diretrizes da PNH.
Temos ainda um longo caminho a percorrer e ainda há muitos desafios para o próximo ano, entre eles, encontrar formas de trabalhar a resistência em relação às metodologias ativas para desenvolver atividades de educação em saúde.
Referências:
https://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=34300&janela=1
Relato do trabalho realizado por:
Ana Lucia Grassi e Sandra
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
O relato de vocês nos dá a dimensão da importância do encontro coletivo na criação e construção singular da política em cada região. O "longo caminho a percorrer", da forma como vocês mesmas colocam, pode ser visto como um desafio que trará bons frutos!
Iza Sardenberg
Coletivo de Editores/Cuidadores da RHS