EDUCAÇÃO, SAÚDE E CIDADANIA: MODIFICANDO ESPAÇOS PARA ACOLHER A POPULAÇÃO.

Em um país de dimensões continentais como o Brasil as políticas públicas, por vezes, não conseguem se fazerem eficazes em toda extensão territorial. Em consequência, o olhar para os problemas regionais e locais de atendimento de saúde da população nem sempre se coloca como prioridade por perca da visibilidade em contexto nacional.
Neste sentido, um dos elementos que tem sido recorrente nesta problemática é a pouca atenção dada aos espaços físicos de atendimento em saúde com vistas ao acolhimento da população. Esta realidade que se multiplica pelo país, em maior ou menor escala, fragiliza de forma significativa a política de humanização da saúde proposta pelo Ministério da saúde do Brasil.
De acordo com a Política Nacional de Humanização (PNH) brasileira, humanizar é oferecer atendimento de qualidade articulando os avanços tecnológicos com acolhimento, como melhoria nos ambientes de atendimento e cuidado, dentre outras ações (BRASIL, 2004).
As cenas que se mostram são expressões da fragilidade dos ambientes de cuidado e atenção em saúde. As imagens são da Unidade de Saúde da Família (USF) do bairro de Panatis, na cidade de Natal, Rio Grande do Norte – Brasil.
Esgotos a céu aberto, reformas na estrutura do prédio e vegetação indesejada por todo o território da UBS formavam um cenário pouco convidativo aos populares adstritos a unidade de saúde e que necessitavam do atendimento. O espaço que não acolhe o usuário potencializa o protelar da resolutividade das questões de saúde da população.
As imagens que a seguir trazemos falam de um dos pilares do processo de humanização na saúde, a troca de saberes e experiências. Trata-se de um relato imagético do percurso de um grupo tutorial de formação nas diversas áreas da saúde  (medicina, enfermagem, fonoaudiologia, educação física, nutrição, odontologia, etc.) que se propuseram a discutir o processo saúde-doença a partir da realidade da UBS do Panatis e se motivaram a pensar o processo de acolhimento neste espaço.
O projeto de intervenção do semestre letivo de 2012.1 foi pautado e debatido entre estudantes, trabalhadores do campo de saúde, docentes e pela comunidade. A proposição debatida no coletivo objetivou a otimização do acolhimento estrutural pela UBS visão dos profissionais a da comunidade. Dentre as ações, destacou-se a modificação estrutural de uma área negligenciada pela UBS. O espaço sugerido foi a criação de uma área de lazer, com instalação de brinquedos infantis (balanços, minicampo de futebol, etc.) para melhor acolhimento das famílias em processo de atendimento na unidade. 
A intervenção operacionalizou-se em ações de estruturação do espaço (limpeza, organização, construção de materiais de lazer, pintura) e durou cerca de 3 semanas de ações colaborativas. O processo de modificação estrutural reuniu a comunidade atendida pela unidade de saúde e os próprios trabalhadores da unidade, ampliando o diálogo entre os profissionais e a população além de, sobretudo, promover senso de cobaboração para gestão dos problemas da unidade de saúde, em consonância com as diretrizes gerais para a implementação da PNH (BRASIL, 2004).

Se considerarmos o acolhimento como a ação de receber o ajudado calorosamente ao iniciar o encontro com ele de modo que o mesmo se sinta valorizado, pensamos que o projeto de intervenção vivido pelo grupo tutorial da UBS do Panatis no período de 2012.1 obteve êxito. Com a modificação estrutural, e a emergência de uma área de lazer, o usuário pode perceber-se dentro de um ambiente acolhedor e favorecedor da melhoria das relações (pessoais e profissionais) ali estabelecidas no ato de cuidar.

     
Referências Bibliográficas:
BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Humaniza SUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
MEDEIROS JR, Antônio. LIBERALINO, Francisca Nazaré. COSTA, Nilma Dias Leão (Orgs). Caminhos da tutoria e aprendizagem em saúde e cidadania. Natal: EDUFRN, 2011.