BVS Integralidade: minicongresso discutiu informação científica em rede
A organização de uma biblioteca virtual, a definição de descritores, a visibilidade da informação, o uso da tecnologia e a disposição online de material científico. Esses foram alguns dos desafios discutidos durante o 1º Minicongresso da BVS Integralidade, que aconteceu nos dias 9 e 10 de abril, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Dezenas de bibliotecários e outros profissionais da informação, representantes da Bireme, OPAS, Fiocruz, IMS-UERJ, Ministério da Saúde e diversas instituições parceiras da Rede estiveram presentes ao evento, que abrigou ainda a 7ª reunião dos Comitês Consultivo e Executivo das Bibliotecas Virtuais em Saúde.
O Minicongresso foi marcado ainda pela definição da Matriz de Responsabilidades – documento que estabelece as responsabilidades das instituições no projeto – e pelo lançamento do selo “BVS Integralidade – Tô dentro!” “A integralidade é importante de per si”, disse o diretor da Bireme, Adalberto Tardelli, que participou de todo o Minicongresso. “É essencial estar discutindo essa temática como modelo de organização de uma rede”. Tardelli sinalizou com a possibilidade de haver uma subárea específica para o conceito de Integralidade. Para Sandra Infurna, bibliotecária do Lappis, todo o movimento que vem sendo feito pela BVS Integralidade tem ajudado a dar visibilidade à temática.
Durante sua apresentação, a bibliotecária do Icict/ Fiocruz, Luciana Danielli de Araújo, fez um breve histórico sobre a visibilidade do conceito de Integralidade como “termo de ocorrência”, desde quando aparece pela primeira vez na base de dados Lilacs, em 1982, ainda relacionado à prática clínica. “Ainda não existia uma prática do conceito na produção de conhecimento. Isso se intensifica em 2004, quando surge o Lappis”, constatou exibindo o gráfico que demonstra essa ascenção. “Esse Minicongreso é muito positivo para o esclarecimento sobre a temática e o entendimento dos profissionais de informação e especialistas para organização dessa temática e do desenvolvimento da BVS de modo geral”.
Abertura e debates
O diretor do Instituto de Medicina Social da UERJ, professor Cid Manso, esteve presente à abertura do evento na manhã da quinta-feira. Da primeira mesa – que teve como tema “Desafios e possibilidades da gestão democrática da informação científica em rede na saúde” – participaram Adalberto Tardelli (BIREME / OPAS / OMS), Maria Helena Bastos (OPAS) e Janine Cardoso (Fiocruz), com mediação de Roseni Pinheiro, coordenadora do Lappis e da BVS Integralidade.
A mesa aprofundou questões referentes à democratização do conhecimento e a função da BVS nesse processo. Discutiu-se a importância de dar visibilidade também ao processo de produção do conhecimento. Para Roseni Pinheiro, coordenadora do Lappis e da BVS Integralidade, existe um grande caminho de possibilidades sendo construído a partir do compartilhamento de saberes. “De que maneira podemos fortalecer a Rede? Qual a nossa capacidade discursiva?”, foram questões que Roseni lançou para o grupo. Ela acredita que mobilizar os encontros em rede é uma forma humanizadora e responsável de lidar com o conhecimento, descobrindo as debilidades e potencializando expectativas.
Durante todo o Minicongresso, muito se discutiu sobre a complexidade da terminologia e dos vários descritores na informação em ciências da saúde. O coordenador da Política Nacional de Humanização (PNH), Gustavo Nunes, participou da mesa “Integralidade em Saúde: contribuições de um conceito para a sistematização da informação em saúde”.
Ao Lappis, Gustavo disse que esse tipo de espaço é importante para o diálogo. “Acho que, nos últimos anos, têm novas discussões sendo consolidadas nas políticas públicas para saúde coletiva que exigem novos descritores coerentes com essas discussões”, comentou. “Então, ter espaço para pensar maneiras estratégicas ou caminhos para que a gente possa validar descritores é importante do ponto de vista das políticas públicas e também do ponto de vista da democracia”.
Visibilidade e mobilização
Para Maria de Fátima Martins (Fiocruz), a BVS Integralidade é uma das Bibliotecas Virtuais em Saúde temáticas que mais se aproximam do tema da assistência à saúde e de questões sociais de um modo geral. “É um campo do conhecimento que hoje merece ter a sua terminologia respeitada. A BVS Integralidade se representa e se denomina por suas ações e seus produtos. É preciso, portanto, discutir essa visibilidade”, disse. ressaltando que o maior mérito do Minicongresso é o de mobilizar profissionais. “É um ciclo necessário. Porque a gente tem que ter visibilidade para conseguir mais usuários, para conseguir mais produtores inseridos. Nesse tipo de evento, a gente pode complementar as nossas expertises e competências e isso é fundamental”.
Enfermeiro e subcoordenador do curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Darlisom Ferreira esteve presente no evento, juntamente com uma bibliotecária da instituição. Ele ressaltou que essa foi a primeira vez que a UEA se fez representar em um fórum da BVS e que isso abriu a possibilidade de fazer parte da matriz de responsabilidades do grupo. “A gente espera poder estabelecer e reforçar essa parceria, o que vai ser muito importante para a região Norte”, disse, adiantando que pretende trabalhar em um termo de cooperação técnica juntamente com o Lappis, visando avançar a discussão da Integralidade de forma ainda mais intensa para a região amazônica.
Estela Campos, integrante do Núcleo de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), participa dos fóruns BVS desde que aconteceu a primeira definição dos descritores da BVS Integralidade. “Hoje, percebo aqui um amadurecimento daquilo que foi definido anteriormente, há uma maior qualificação do trabalho e da produção científica que abarca mesmo o termo e a concepção de integralidade”, disse. “Isso é importantíssimo para dar maior visibilidade a essa produção em todo o cenário acadêmico”.
Kalina Silva, bibliotecária da Rede Sirius, destacou que foi importante perceber o compromisso da Bireme e de representantes de várias instituições parceiras presentes no evento, além do grande destaque durante o Minicongresso para questões referentes à definição de descritores. “É necessário levar a BVS Integralidade até o pesquisador”, destacou. “Nesse sentido, conhecer quais são os argumentos de pesquisa dele pra poder chegar nas melhores definições de terminologia para a área é essencial. Aqui, a gente exercitou isso”, concluiu.
O Minicongresso terminou com a discussão da Matriz de Responsabilidades, atividade conduzida pela coordenadora adjunta da BVS Integralidade, Elysângela Dittz Duarte (Escola de Enfermagem da UFMG), e com uma avaliação geral feita pelos participantes.
Treinamento
Na quarta-feira, ainda, antes mesmo do início do Congresso, bibliotecários que integram o Comitê Executivo da Biblioteca Virtual em Saúde – Integralidade participaram de um treinamento sobre a utilização de plataformas e suportes para informação em saúde. O treinamento foi ministrado por Luciana Danielli de Araújo (Icict/Fiocruz) e Sandra Infurna (Lappis-IMS/UERJ). Participam do treinamento bibliotecários da UFF, UNIVASF, UFRG, UERJ (CBC/CBB), FGV, UEA e ESPJV/FIOCRUZ.
Por Sabrina Ferigato
Excelente acompanhar um grupo de instituições tão sérias e comprometidas com a produção de saber antenadas com as novas tecnologias de informação e a democratização do conhecimento. O fortalecimento da rede de conhecimentos pra mim faz muito mais sentido se ele fortalecer o conhecimento em rede. Integrar o cuidado e ampliar o acesso, um desafio para o SUs e para a produção de saber sobre ele!
Parabéns pela iniciativa!