Orientações para a elaboração do PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR:
Descrição da Situação Familiar:
Em reunião de equipe, a Agente Comunitária de Saúde (ACS) Sandra relata que identificou durante suas visitas de rotina à sua microárea, que uma jovem gestante Vera que veio residir há 15 dias, com sua mãe, que já morava no bairro Vila São João. Quando foi realizar o cadastro de gestante (Ficha B – gestantes) descobriu que Luciana ainda não havia realizado nenhuma consulta de pré-natal, aparentava estar no final da gestação e recusava-se a realizar o acompanhamento pré-natal na Equipe de Saúde da Família (ESF) local. Diante da situação, a equipe decide que a enfermeira Marta realize uma Visita Domiciliar em conjunto com Sandra para conhecer melhor a situação, na tentativa de sensibilizar a Luciana para a importância de uma avaliação pré-natal.
No domicílio, encontram a seguinte situação:
Vera (22 anos) reside em uma casa de alvenaria com seu filho Lucas de 2 anos, sua mãe Maria das Graças (43 anos) proprietária da casa, e seu avô Jerônimo de 61 anos.
Vera não iniciou pré-natal ainda e está com idade gestacional aproximada de 32 semanas.
Dona Maria das Graças, conversando com a enfermeira Marta e a ACS Sandra, relata estar preocupada com a situação da filha e também do seu neto Lucas. Acha que o menino está muito magro e informa que Lucas ainda não começou a falar, apesar de já estar com 2 anos de idade. Também desconfia que a sua filha Vera é usuária de drogas e que por este motivo, o marido a deixou.
Diante do caso, a enfermeira Marta e a ACS Sandra, começam a coletar informações para a construção de um genograma para discutir em equipe e com a família, o plano de cuidados para a situação.
– Vera, 22 anos, Gestações: 3, Partos: 1, Abortos: 1, no terceiro trimestre de gestação, sem pré-natal. Começou a usar cocaína após o abortamento, ocorrido há 1 ano. Desde então, passou a descuidar de seu filho e de si mesma. Perdeu o emprego e separou-se do marido. Suspeita-se que mantenha o uso regular de drogas nesta gestação;
– Guilherme, 28 anos, marido de Vera há 4 anos, pai de todos os filhos do casal, professor de educação física, atualmente separado, morador de outra comunidade, preocupado com a situação da esposa e filhos;
– Lucas, 2 anos, foi alimentado exclusivamente com leite materno até os dois meses, quando iniciou a ingestão de leite de vaca, e aos seis meses a mesma alimentação da família. Não realiza consultas regulares de puericultura e apresenta quadro suspeito de desnutrição.Não fala ainda, apesar da idade, e não frequenta creche.
– Maria das Graças, 43 anos, hipertensa severa, em uso de esquema anti-hipertensivo múltiplo, tabagista, não participa do grupo de tabagismo, pois este acontece em seu horário de trabalho, em uso de Anticoncepcional Oral Combinado (ACOC), faz consultas regulares na ESF local, porém, apesar dos profissionais contraindicarem o uso de ACOC, permanece utilizando o medicamento, pois tem medo de engravidar, professora de ensino fundamental na escola municipal do bairro, viúva, atualmente com parceiro fixo;
– Jerônimo, 61 anos, pai de Maria das Graças, tem Doença Pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), ex-tabagista, com história de depressão sem acompanhamento regular, participa do grupo de terceira idade da unidade de saúde local, aposentado, viúvo.
A partir da escolha do sujeito chave, inserido no contexto familiar descrito e, de acordo com a sua preferência de atuação (Saúde da Mulher, do Idoso, do Adulto e da Criança), construa uma proposta de trabalho coletivo, prevendo a participação dos diferentes profissionais que integram as equipes de atenção básica (ESF e NASF) e o sujeito, sua família e comunidade.
1) Faça um resumo da identificação e dos dados relevantes do sujeito chave escolhido,
2) Sistematize as informações acerca do arranjo familiar (construa um genograma desta família a partir dos dados informados)
3) Descreva as possibilidades de sua atuação e da equipe diante das potencialidades e vulnerabilidades encontradas na situação descrita
4) Detalhe a situação-problema
5) Descreva as ações já realizadas com esta família pela equipe de saúde.
6) Descreva os objetivos da equipe ao propor o Projeto Terapêutico Singular. Proponha um plano de intervenção com cronograma de ações para o caso identificando quem é o profissional de referência para o sujeito.
7) Descreva as pactuações a serem feitas entre a equipe, o sujeito e sua família.
Por cristiane zimmermann
– Vera, 22 anos, Gestações: 3, Partos: 1, Abortos: 1, no terceiro trimestre de gestação, sem pré-natal. Começou a usar cocaína após o abortamento, ocorrido há 1 ano. Desde então, passou a descuidar de seu filho e de si mesma. Perdeu o emprego e separou-se do marido. Suspeita-se que mantenha o uso regular de drogas nesta gestação; está residindo em uma casa de alvenaria com seu filho Lucas de 2 anos, sua mãe (43 anos) proprietária da casa, e seu avô de 61 anos.
Genograma
vera
Possibilidades de atuação do NASF junto a equipe de ESF de referencia desta família:
Primeiramente a enfermeira fortalecerá o vínculo com Vera para aproximação desta na UBL onde ela veio morar, para então acompanhá-la em seu pré natal (exames e consultas), abrindo espaço para que Vera conheça os serviços de saúde que poderá acessar.
Feito o diagnóstico e situação de Vera, a enfermeira Marta agenda uma reunião com médico da família e equipe NASF para estudo do caso.
Após consulta compartilhada com Vera, para realização de seu PT, Marta agenda uma consulta de puericultura para vera e seu filho Lucas, dando inicio ao acompanhamento dele.
Profissionais do NASF envolvidos no Projeto Terapêutico:
Psicóloga e psiquiatra – acompanhamento através de apoio matricial de saúde mental , é possível oferecer recursos e inserir Vera em grupo de gestante e acompanhamento quanto ao uso de drogas e possível sofrimento ao qual vem lhe acompanhando. Para sua mãe é possível disponibilizar atendimento compartilhado para que esta consiga tratar de seu tabagismo.
Nutricionista – acompanhamento junto com a equipe de ESF para Lucas, filho de Vera que está desnutrido, e também para Vera que enfrenta um período gestacional de risco;
Plano de intervenção
META
PROFISSIONAL
FAMILIAR
TEMPO
Consulta de acolhimento
Enfermeira
Vera
imediato
Coleta de exames de pré natal
Enfermeira
Vera
imediato
Estudo do caso e compartilhamento das ações
NASF/ESF
Vera
Primeira semana
Apoio matricial saúde mental
Psiquiatra, psicólogo, enfermeira e médico de família
Vera
Segunda semana
Maria das Graças
Quarta semana
VD
ACS e Enfermeira
Família
Terceira semana
Apoio matricial nutrição
Nutricionista e médico de família
Vera
Segunda semana
Lucas
Segunda semana
Reavaliação do caso
NASF/ESF
Vera
Um mês
• O PTS visa acima de tudo à autonomia do sujeito sobre suas condições de vida e saúde por meio da busca de seu protagonismo. Por isso é essencial o encontro e a construção do PTS junto com Vera, para que esta assuma suas responsabilidades terapêuticas como ir fazer os exames, levar Lucas nas consultas, participar do grupo de gestantes entre outros encontros que farão parte de seu cuidado.