Dilemas Bioéticos: “De quem é a Vida Afinal?”
Tentarei, na medida do possível, postar sugestões de filmes para se discutir aspectos relacionados à humanização e questões bioéticdas, particularmente, àquelas que dizem respeito a morte e o morrer.
Deixo como sugestão dessa semana o filme "De quem é a vida afinal?" (1981), dirigido por John Badhan e estrelado por Richard Dreyfus (o mais velhos se lembrarão desse ator como o reporter de "O Tubarão" ou, alguns anos depois, no fime "O Adorável Professor").
O filme fala a respeito de um escultor que no auge da carreira sofre um grave acidente de trânsito que lhe acarreta uma tetraplegia. A partir da constatação de sua limitação, o personagem luta na justiça pelo direito de morrer. O problema central é: como fazer isso sem a ajuda de outra pessoa? Como realizar seu intento com alguma dignidade sem o suporte de um aparato médico para tal? Com diálogos envolventes entre Dreyfus e o médico que todo tempo questiona sua atitude (John Cassavetes) o filme vai direto ao ponto: "De quem é a vida afinal?"
Seria o homem proprietário pessoal de sua vida? Se sim, então o personagem de Dreyfus pode dispor dela da forma como bem entende, inclusive optando por sair de cena deste mundo. Mas, se no caso, a vida pessoal é um atributo que transcende a própria individualidade, então a sociedade, em nome dos valores que defende (sejam morais e/ou religiosos) teria o direito de obrigar uma pessoa a continuar vivendo. Mas, no caso do personagem de Dreyffus, isso não seria uma violência na medida em que ele está impedido de realizar a sua vontade por suas limitações físicas?
O filme é muito bom para se abrir um debate em salas de aulas e/ou entre profissionais de saúde sobre a problemática do suicídio assistido que, por sinal, já é legalizado em países como Holanda, Bélgica e Suiça, o que provoca verdadeiros fluxos turísticos de pessoas desesperadas em busca de alguma solução para a dor e o sofrimento que enfrentam sem que com isso possam prejudicar pessoas significativas em seus países de origem.
Mas a pergunta está no ar: de quem é a vida afinal? Dependendo como vamos respondendo essa questão estaremos connstituindo ações que implementem o direito a vida e a dignidade. Mas ai reside outra complexa problemática na medida em que todos os lados da questão dizem estar defendendo esses mesmos valores!
ERASMO RUIZ
Por Eliana Elisa Rehfeld Gheno
Ajuricaba / Nova Ramada/RS