“Humanização não se resume a ser bonzinho com a população LGBT, mas acolher as diferenças, de forma ética.”
Servidores da Política Nacional de Humanização, do Ministério da Saúde, participaram de roda de conversa sobre a Política de Saúde LGBT na Atenção Básica, durante a IV Mostra de Saúde da Família, em Brasília – DF, na noite de 13 de março.
As possibilidades de se qualificar o atendimento deste segmento da população nas Unidades Básicas de Saúde nortearam a discussão, que contou com a participação de técnicos não só da PNH, mas de várias áreas do Ministério da Saúde, como a Coordenação Geral de Alta e Média Complexidade, Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais, Departamento de Atenção Básica, Equipe da Revista de Saúde da Família, entre outros.
Durante a roda de conversa, os participantes assistiram ao vídeo que abre esta matéria, com cenas nas quais o mesmo usuário é acolhido de diferentes formas: ora com escuta qualificada e inclusão ora sem esse acolhimento, no qual o profissional da saúde não o percebe como sujeito e não o inclui no atendimento. Após as cenas, os prontuários de cada usuário são comparativamente bem distintos, exatamente pela presença ou ausência de acolhimento.
A servidora da PNH Simone Eineck, que realiza apoio nos estados do Distrito Federal e Mato Grosso ressaltou que , infelizmente, esta temática ainda está longe da pauta em muitos estados e municipios. “As equipes que cuidam dos processos relacionados à equidade no SUS interagem pouco com as demais políticas e com as redes. E é preciso disputar espaço com outros temas, para se garantir os direitos desses usuários. Na Política de Humanização, buscamos produzir discussão, tensionamento, e apostamos radicalmente na mudança dos processos de trabalho, repensando a atenção e gestão, incluindo a diferença”, disse.
Outra servidora da PNH, Etiane Araldi, ressaltou aos participantes a necessidade de se produzir uma clínica ampliada, e centrada no sujeito com todas as suas especificidades. "A PNH tem a inclusão como método de trabalho, e cada vez mais vamos incluir o tema das populações vulneráveis nos processos de formação da PNH”, afirmou. Ao final da roda, Araldi propôs parceria entre o Movimento LGBT e a PNH para buscar ações que incluam a discussão e a política LGBT como pauta transversal no SUS, assim como a PNH.
Os participantes ressaltaram ainda a necessidade do respeito ao nome social, e de que a formação profissional em saúde considere as especificidades desta população. A Coordenação Geral de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social está produzindo a versão brasileira do vídeo uruguaio, adaptado à realidade dos centros de saúde nacionais.