Evidências e políticas públicas em debate na Faculdade de Saúde Pública da USP
No dia 21 de agosto, os resultados da pesquisa Nascer no Brasil foram divulgados em evento na Faculdade de Saúde Pública da USP, em São Paulo. Diante de um auditório lotado, pesquisadores, gestores e lideranças debateram os dados do Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento.
Coordenada pela Fiocruz, a pesquisa evidenciou dados relevantes sobre a assistência ao parto no país. Para além das elevadas taxas de cesarianas, foi possível constatar que as boas práticas são pouco adotadas e que intervenções potencialmente danosas permanecem como rotina nos serviços brasileiros. Esses achados e outros podem ser conferidos na edição especial da revista Cadernos de Saúde Pública.
No evento paulista, a partir dos dados apresentados pela Profa. Maria do Carmo Leal (Fiocruz), teceram comentários o Prof. João Paulo de Souza (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP) e a Profa. Suzanne Serruya (Centro Latino-americano de Perinatologia). A seguir, as implicações de tais resultados para as políticas públicas foram debatidas por Adalberto Aguemi (Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo), Marisa Lima (Grupo Condutor Estadual da Rede Cegonha/SP) e Tatiana Dimov (Fórum pela Humanização do Parto de Campinas).
Particularmente, não pude deixar de notar a disparidade entre os resultados do Inquérito Nacional e os dados apresentados pela condutora da Rede Cegonha do Estado de São Paulo. Em que pese a possibilidade de a assistência ter melhorado no último biênio, é improvável que a maioria dos serviços tenha alcançado níveis de qualidade dignos de avaliação como bons e ótimos, conforme defendido por Marisa Lima. Infelizmente a avaliação realizada pela gestão parece descolada da realidade que vivenciamos.
De todo modo, o grande número de participantes no evento e a elevada cobertura midiática sobre os resultados da pesquisa confirmam o interesse da sociedade pelo tema. No embate entre os diferentes pontos de vista, acredito eu, surge um espaço muito rico para trabalharmos pela melhoria do sistema de saúde, de modo geral, e da assistência ao pré-natal, parto, aborto e puerpério, de modo mais específico.