Então esse é o SUS que dá certo?
No primeiro semestre deste ano, durante a aula de Media Training do curso de pós-graduação, eu e meu grupo fomos chamados a convidar o representante de um órgão ou empresa para o treinarmos para lidar com a imprensa e posteriormente submetê-lo a uma coletiva, onde testaríamos a efetividade do treinamento dado.
A decisão sobre quem gostaríamos de envolver na atividade foi unânime, alguém da área da saúde. Afinal, se conseguíssemos que alguém dessa área tão “penalizada” no país nos convencesse de algo, nosso treinamento teria surtido efeito.
Enfim chegamos a alguém da Política Nacional de Humanização. Fomos para a atividade de coletiva armados de preconceitos, muitos adquiridos pela exposição negativa da grande mídia em relação à saúde.
Para nossa surpresa fomos apresentados de maneira muito didática e convincente a conceitos como transversalidade, equidade, gestão participação e cogestão. Fiquei convencida de que, pelo menos, alguém tinha parado para pensar de uma maneira mais humana na saúde.
Gostamos de saber que projetos como a Semana Nacional de Humanização, que propõe o debate entre todos os envolvidos no processo de saúde, estava sendo realizado. Que o SUS, por meio da PNH, estava preocupado com o que gestores, trabalhadores e usuários pensam. No entanto, ainda pensávamos em tudo isso como uma utopia. Não tínhamos vivenciado aquilo.
Surgiu então a oportunidade. Minha grande amiga, madrinha e quase irmã estava á espera de Maria Heloísa. Ela me contava do medo que sentia por ser seu primeiro parto e das coisas horrorosas que via e ouvia sobre o parto na rede pública.
Depois que a Maria chegou, em uma visita, Luciana, a mamãe de primeira viagem, contou sobre sua experiência. Ela disse que foi muito bem tratada, confortada para não ter medo na hora do parto e que durante todo o processo pôde ter a companhia de seu esposo a seu lado. Seu parto foi normal, como desejava, e teve a oportunidade de ter contato e amamentar logo nos primeiros minutos de vida de Maria.
Então isso é a humanização? Claro. Não precisei nem ir muito longe para entender, bastou escutar aquele relato feliz. Pois não é que aquilo que ouvimos sobre o SUS que dá certo era real.
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Muito boa a tua postagem, revelando o processo pelo qual passou ao entrar em contato com o SUS que não aparece na grande mídia. Pois é, a dimensão de comunicação é cara demais para a amostragem de tudo o que acontece neste país e que fica, por vezes, relegada à invisibilidade.
Iza Sardenberg
Coletivo de editores/curadores da RHS