Eu, você e os ciganos
“A sua fisionomia me remete aos ciganos do sul da França…”
Susto. Foi o que senti e não consegui esconder. Com essa frase, pequena, minha entrevistada da semana deu o maior argumento de uma reportagem, no mínimo, interessante. Afinal, não alardeio minha ascendência francesa, muito menos a alguém que nunca vi.
Magia? Não, ciência. Quase um Sherlock deduzindo o óbvio. Somos todos ciganos! Pelo menos em teoria, pois na prática é difícil (re)conhecer a própria origem contestada pela História. Eu nunca soube que descendia de uma etnia cigana; e nunca saberei. Meu pai foi taxativo ao afirmar que minha avó, a francesa, não era cigana. Daí, a história virou lenda.
Cigano não é aquele que rouba, engana e dissimula. Cigano é como você – e eu, lógico –, um sujeito de direitos e deveres, como conta nossa colega Shirley Monteiro, em seu post O Brasil cigano & o SUS. No Brasil, só em 2011 estimava-se mais de um milhão de ciganos escondidos de suas responsabilidades sociais e desamparados pelo Estado.
Em 2014 pipocam denúncias de maus tratos, injúria e falta de atenção à saúde para comunidades ciganas. E não por falta de serviço, mas por falta de humanidade. A realidade, no entanto, pode ser diferente.
A Associação Internacional Maylê Sara Kalí (AMSK Brasil), numa rede de cooperação com o Departamento de Apoio à Gestão Participativa, do Ministério da Saúde, vem participando coletivamente na busca pela autonomia e protagonismo dos povos ciganos com o cuidado e carinho de quem luta pela causa.
Dentre seus projetos, a AMKS Brasil vem mapeando iniciativas de atendimento humanizado aos ciganos, que consideram sua diversidade cultural e respeitam suas tradições. Belo Horizonte é uma delas.
Numa visita à periferia da capital mineira, com um olhar menos apurado, seria possível dizer que a realidade não mudou. Ainda há mato próximo às casas e barracas e muitas pessoas sofrem com o desemprego e o preconceito.
Contudo, poucos reclamam da saúde por lá. Isto porque os gestores e profissionais de saúde provaram que é possível implantar, de fato, um atendimento humanizado nas unidades básicas de saúde. Eles estão dispostos a aprender com o povo Calon, com suas diferenças e singularidades, e mudar se preciso for.
Mas esta, infelizmente, é uma iniciativa pequena. É preciso compreender que estabelecer vínculos não é tarefa só do agente comunitário de saúde; começa desde a Secretaria de Saúde e termina na comunidade. O respeito e a vontade de cuidar devem ser de ambas as partes, como fazem em BH, com líder comunitário e gestão da UBS unidos em prol de uma saúde para todos.
Por fabiobhalves
Olá Déborah.
Gostei de você trazer as necessidades de se pensar as especificidades da população Cigana.
Vamos fazer um exercício?
Continue nesta abordagem.
Proponha um conjunto de estratégias, utilizando Diretrizes da PNH, que possam avançar neste tema e facilite o Acesso à população Cigana.
O que acha? Pode ser?
Saudações de Fábio BH e até a VITÓRIA!!! (Coordenador da PNH)