Humanização: a essência da ação técnica e ética nas práticas de saúde
Bom dia, Comunidade CER!!! Tudo bem com vocês?!
Compartilho aqui um texto que trata do conceito e práticas de humanização.
Achei o texto super bacana para refletirmos a humanização como um projeto político do SUS, que perpassa desde a ação técnica assistencial até as instâncias de decisão no âmbito da gestão e da participação social.
Assim, como colocado no texto, compreendo que assumir o desafio de consolidar a Rede PCD sob a ótica e valores da humanização, "significa menos o que fazer e mais como fazer", ou seja, como podemos construir uma cultura institucional e relacional baseada no respeito e valorização do outro.
Em outras palavras, quais estratégias podemos utilizar no cotidiano do nosso trabalho para nos fazermos sensíveis e permeáveis à diferença – que, dentre tantas que existem entre nós, pode ser apresentada pela situação de deficiência?
Deixo aqui, um pontapé para a prosa!
Abraços,
Mari.
Por Luisa da Matta Machado Fernandes
Mari,
Eu adorei o texto e queria fazer alguns destaques para debatermos!
Primeiro, dentre os diversos olhares que a humanização pode ter e elencado nesse texto, me chama mais atenção o Movimento contra a violência Institucional na área da saúde, que vejo uma relação direta com muitas situações no campo da Pessoa com Deficiência.
Destaco o seguinte parágrafo:
“Na área da saúde, a violência institucional decorre de relações sociais marcadas pela sujeição dos indivíduos. Historicamente, a organização hierárquica do hospital do século XIX foi uma importante estratégia da medicina da época moderna para o desenvolvimento da clínica e da tecnologia médica. Aumentou o acesso da população ao atendimento e propiciou grandes avanços técnicos. Entretanto, junto a esses progressos, também se engendraram situações que tornaram o hospital um lugar de sofrimento. O não reconhecimento das subjetividades envolvidas nas práticas assistenciais no interior de uma estrutura caracterizada pela rigidez hierárquica, controle, ausência de direito ou recurso das decisões superiores, forma de circulação da comunicação apenas descendente, descaso pelos aspectos humanísticos e disciplina autoritária fizeram do hospital um lugar onde as pessoas são tratadas como coisas e prevalece o não respeito à sua autonomia e a falta de solidariedade.”
Apesar do texto falar em hospitais, diria que isso se aplica aos CER e outras unidades de saúde e também no âmbito da gestão do SUS.
O que acham?
O texto é ainda muito rico porque nos traz caminhos que muitos já estão percorrendo para superar essa violência institucional e transformar a humanização em política, com foco na gestão participativa. Destaco pontos importantes do artigo abaixo:
• a valorização da dimensão subjetiva e social em todas as práticas de atenção e gestão, fortalecendo compromissos e responsabilidade;
• o fortalecimento do trabalho em equipe, estimulando a transdisciplinaridade e a grupalidade;
• a utilização da informação, comunicação, educação permanente e dos espaços da gestão na construção de autonomia e protagonismo;
• a promoção do cuidado (pessoal e institucional) ao cuidador.
• a criação de espaços de discussão para a contextualização dos impasses, sofrimentos, angústias e desgastes a que se submetem os profissionais de saúde no dia-a-dia pela natureza de seu trabalho;
• o pensar e decidir coletivamente sobre a organização do trabalho, envolvendo gestores, usuários e trabalhadores em grupos com diversas formações
• a criação de equipes transdisciplinares efetivas que sustentem a diversidade dos vários discursos presentes na instituição, promovendo o aproveitamento da inteligência coletiva.
• o conselho gestor de saúde, que aglutina gestores, trabalhadores e usuários para decidir os rumos institucionais;
• a ouvidoria, que faz a mediação entre usuários e instituição para a solução de problemas particulares;
• as equipes de referência, que se compõem de profissionais que juntos acompanham pacientes comuns ao grupo;
• os grupos de trabalho de humanização, que fazem a escuta institucional e criam dispositivos comunicacionais;
• as visitas abertas, que propiciam as parcerias com familiares para o cuidado de seus parentes.