O modelo assistencial em formato circular, como apresenta Cecilio (1997), a meu ver, favorece o cuidado em saúde; e ouso ainda em dizer que o cuidado integral de saúde.
Neste modelo, pressupõe-se o diálogo entre os diversos serviços oferecidos no sistema, onde "todo e qualquer serviço de saúde é espaço de alta densidade tecnológica". Falando de densidade tecnológica, considero elas como leve (escutas, falas, aquele "papo" que gera um vínculo entre profissional e usuário/profissional e profissional…), leve-dura (conhecimentos biológicos – saberes profissionais…) e dura (os instrumentos propriamente ditos – aparelhagem para realização de exames, tratamentos….). Compreendendo cada serviço de saúde – e porque não os profissionais "responsáveis" por ele – como um espaço de alta densidade tecnológica, não existirá – prefiro crer assim – sobreposição de saberes.
Quando é possível este diálogo, este trabalho em equipe (em todos os âmbitos), há troca de saberes e experiências, e porque não, a corresponsabilização. Nessa troca, ações que compreendem o "ser" em sua totalidade, ações conjuntas para resolução de problemas que muitas vezes não são simplesmente patológicas; aí, digo, entra o cuidado integral de saúde, o cuidado em saúde, pois enxerga o usuário como um ser humano em sofrimento, que leva ao serviço suas necessidades de saúde visando a resolutividade de seus problemas, e não como um objeto de intervenção, um objeto de estudo. Compreendendo assim, acredito que não haverá então um desrespeito, como se fosse um qualquer, um objeto, mas sim um ser humano, uma relação de ser humano com ser humano, um tratamento de igual para igual, compreendendo suas necessidades físicas e psicológicas, de afeto, de atenção, de respeito, de acolhimento….
"O cuidar em saúde é uma atitude interativa que inclui o envolvimento e o relacionamento entre as partes, compreendendo acolhimento como escuta do sujeito, respeito pelo seu sofrimento e história de vida". (Roseni Pinheiro)
Referências:
Artigo de Cecilio, que fala sobre a transposição do modelo de assistência em saúde piramidal para o circular: https://www.scielo.br/pdf/csp/v13n3/0171.pdf
Cuidado em Saúde, por Roseni Pinheiro: https://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/cuisau.html
Artigo de onde foi retirado sobre as tecnologias em saúde: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692000000600014
Resolubilidade do cuidado na atenção primária: articulação multiprofissional e rede de serviços: https://www.scielo.br/pdf/sdeb/v38n103/0103-1104-sdeb-38-103-0733.pdf
Imagem: https://www.ijbs-brasil.org.br/joomla2/index.php/2013-05-20-22-57-25/22-rede-de-parceria-social
Por deboraligieri
Loyanne querida.
Suas reflexões sobre o cuidado em saúde como "o tratamento de igual para igual" trazem em seu bojo também a ideia de democratização da saúde, em que x paciente e/ou usuárix do serviço de saúde não é mero espectador de seu tratamento, mas parte ativa de sua saúde, e x profissional de saúde não é apenas a pessoa que prescreve um tratamento, mas que se relaciona com x outrx objetivando a felicidade e a qualidade de vida, que no fim das contas acaba por ser de ambxs!
Abraços,
Débora