Peregrinação de gestantes na rede de atenção.
Trabalhei na atenção básica de um município no estado de Goiás por 2 anos. E nesse tempo vivenciei muitas historias tristes, engraças com finais de felizes e sem final feliz, mas as que misturavam todas as sensações possíveis eram as das gestações…..
A alegria do resultado positivo para gravidez, das mulheres que a muito tempo vinham tentando ser mamães ….. a tristeza das mulheres, jovens ou adultas, que não queriam ser mamães…… O amadurecimento de quase todas elas, aceitando esta nova fase de suas vidas e assumindo o compromisso de cuidarem da saúde delas e dos bebês que estavam gerando. A audiência nas consultas de pré- natal, e outros serviços que a unidade de saúde oferecia à elas era digna de elogios.
Mas a medida que o momento de se dar a luz se aproximava o clina de alegria e tranquilidade cedia lugar ao medo e apreensão, pois não se tinha as referências e contra referências, a luz dava lugar a escuridão, as gestantes eram largadas a sua própria sorte. Por ser um município do entorno, contava com a boa vontade do Distrito Federal em aceitar as parturientes que muitas vezes só conseguiam atendimento se chegassem de ambulância. A rede de atenção era desenvolvidas por elas e seus familiares que peregrinavam pela rede pública em busca de vagas, que vinham recheadas de preconceito, maus tratos e violência obstétrica.
Por Paola Alves
A experiência tem um poder enorme de construir pensamentos e desconstruir paradigmas. E as experiências de vocês no serviço, possibilitam que a academia e a realidade entejam balanceadas.
Obrigada pela construção, é a partir de relatos como o de vocês que as pessoas que ainda não estiveram em contato com o serviço podem ver um pouquinho do dia-a-dia da construção da saúde no Brasil.