GESTÃO, TRABALHO E PROCESSO DE TRABALHO.
O termo Gestão é constantemente confundido com o termo Administração (ADM), uma vez que ambos possuem a capacidade de gerir algo. A diferença ocorre quando a gestão funciona embasada em uma visão política, ou seja, no momento que for analisar uma situação, planejar, intervir, avaliar e monitorar, a gestão leva em consideração o posicionamento político. E a ADM tem uma visão para os processos produtivos, focado na eficiência e nos custos-benefícios da situação.
No âmbito da saúde, a gestão tem por intuito de garantir que o Sistema Único de Saúde (SUS) funcione de modo satisfatório, para isso se faz necessário o uso de instrumentos e eficácia nos trabalhos em saúde. Deste modo, o trabalho, especificamente no âmbito da saúde, se utiliza de elementos dos processos de trabalhos, que dinamiza as necessidades humanas de saúde, os conhecimentos e serviços do trabalhador (profissional de saúde) e os instrumentos (equipamentos, medicamentos…).
Acredito que a Gestão atualmente esteja passando por uma transição, uma vez que se encontra articulando para aumentar a eficácia do trabalho em saúde, posto que a centralização do poder não esteja concentrada somente nos gestores, mas sendo ampliado para a participação dos profissionais de saúde e para a sociedade civil. Desta forma, democratizando a gestão.
Por miguel angelo maia
Bom começo Sarah, seja bem vinda.
Este é realmente um assunto bastante espinhoso que, podendo até mesmo ter diferentes conceitos, aparecem na prática bastante misturados, confundidos e sobrepostos.
Por exemplo, não é certo que seja o aspecto político que separe ambos os conceitos porque, como você deve convir, focar na eficiência e nos custos/benefícios da situação, já é, por si, uma posição política. Por outro lado, "no momento que for analisar uma situação, planejar, intervir, avaliar e monitorar", ações necessárias também à administração, esta também leva em consideração o seu posicionamento político.
Digamos, de saída, que a política está tanto na gestão, como na administração. Em seguida, que toda gestão também administra e que toda administração também faz gestão. O que, enfim, as separariam, se é que podem ser separadas?
Outro ingrediente importante neste debate, você usa eficácia e eficiência, mas não fala em efetividade. Já explico, é que para mim, analista do trabalho, focar o trabalho apenas em eficiência e eficácia é um cacoete administrativo ou gestionário. Há nele, como aposto e defendo, um fator, talvez o mais importante, que seja a produção de sentido. Assim, uma ação pode ser eficiente (fazer certo as coisas) e eficaz (fazer a coisa certa), porém, pode não ter nenhuma efetividade, já que aquele que a faz e/ou aquele que a recebe não encontram nenhum sentido no que foi feito.
Sei que simplifiquei demais os conceitos de eficiência e eficácia, mas acho que, simples assim, eles nos ajudam a pensar e ir tornando mais complexa nossas análises.
Como aposto, é na produção de sentido que se dá a chave para analisarmos o quanto uma gestão/administração é ou não democrática. O sentido do trabalho é imposto ou é negociado? É construído por experts que planejam a organização e a divisão do trabalho ou é construído de forma coletiva por gestores, trabalhadores e usuários?
Para dar um nó ainda maior: uma gestão feita para e por as pessoas, é mesmo gestão ou administração pura de variáveis selecionadas por uma política cognitiva por demais centralista? Uma administração feita com as pessoas e não para elas e por elas, é mesmo administração ou gestão de invariáveis imprevisíveis?
O que é gestão? O que é administração?
Voltamos ao nó da discussão.
Abs.
Continuemos.