Religião e laicidade: discriminação e violência.
Telmo Kiguel
Médico Psiquiatra
Psicoterapeuta
Grupos discriminados denunciam frequentemente agressões físicas na seqüência de Conduta Discriminatória racista, machista, homofóbica, etc.
Vejamos a seguir quatro publicações que nos ajudam a entender as relações entre estes fatos e suas causas.
1 – Correlações transnacionais quantificáveis da saúde da sociedade com o secularismo e a religiosidade em democracias prósperas.
Cross-National Correlations of Quantifiable Societal Health with Popular Religiosity and Secularism in the Prosperous Democracies
Journal of Religion & Society – Kripke Center at Creighton University
Resumo das conclusões:
Estudos em larga escala mostram declínios na religiosidade em favor de secularização nas democracias desenvolvidas e os Estados Unidos são a única nação próspera, onde a maioria absoluta acredita em um criador.
EUA é a única democracia próspera que mantém altas taxas de homicídio, de gravidez e aborto em adolescentes.
Em geral, as taxas mais elevadas de crença e adoração em um criador se relacionam com maiores índices de homicídio, mortalidade precoce em jovens
e adultos, as taxas de infecção de DSTs, gravidez na adolescência e aborto entre as democracias prósperas.
2– Entrevista com o sociólogo dos EUA Phil Zuckerman a respeito de pesquisa feita na Dinamarca e Suécia motivada por uma pergunta desafiante: como esses dois países, considerados os menos religiosos do mundo, em todas as pesquisas prévias, podiam ser os que possuíam os mais altos índices de qualidade de vida, com economias fortes, baixas taxas de criminalidade, alto padrão de vida e igualdade social
https://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/18992-sociedades-sem-deus-por-que-os-paises-menos-religiosos-sao-os-mais-satisfeitos-socialmente-entrevista-especial-com-o-sociologo-phil-zuckerman
Resumo das conclusões:
Baixas taxas de criminalidade, as menores taxas de crimes violentos do mundo; igualdade de gênero; cuidados com os mais velhos e com as crianças,
3 – O Índice Global da Paz conclui que os países menos religiosos que continuam sendo menos violentos
https://hypescience.com/paises-menos-religiosos-sao-tambem-menos-violentos/.
https://www.visionofhumanity.org/#/page/indexes/global-peace-index
4 – Estudo europeu do Instituto de Pesquisa Interdisciplinar sobre Conflitos e Violência, de Bielefeld e Instituto Amadeu Antonio, de Berlim, Alemanha: “Intolerance, Prejudice and Discrimination – A European Report “
https://pub.uni-bielefeld.de/luur/download?func=downloadFile&recordOId=2018626&fileOId=2269239
A pesquisa ouviu 8 mil pessoas em oito países da União Européia (Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Holanda, Portugal, Polônia e Hungria).
Analisaram a relação entre religiosidade e preconceito.
Resumo das conclusões:
Impacto negativo da religiosidade sobre a tolerância para com quase todos grupos discriminados, em especial mulheres e homossexuais e a crença na superioridade da sua própria religião que seria a única verdadeira.
“Quanto mais religiosas as pessoas se dizem, maior é a tendência delas desenvolverem preconceitos contra outros grupos e a idéia que há uma hierarquia natural entre negros e brancos”, declarou Andreas Zick, responsável pelo estudo, ao DW.
Conclusões
Como podemos utilizar os conhecimentos acima para as questões das discriminações e a violência física delas decorrentes.
O Brasil é um país em que a grande maioria da população é religiosa.
De Direito somos um país Laico.
De Fato: há muitas dúvidas a respeito.
Não podemos esperar nos tornar um país menos religioso como a Dinamarca ou Suécia.
O que fazer?
Por enquanto sugerimos alguns textos que poderiam servir para prevenir as Condutas Discriminatórias e a violência dela decorrente:
Conduta Discriminatória: tentativa de conceituação motiva correspondência entre psiquiatras.
Não temos previsão de avançar no combate ao racismo
Educação e criminalização não previnem discriminação
Debater o racismo, sem o racista, é muito complicado ou quase impossível.
A invisibilidade dos negros é indesejável. A dos racistas é paralisante.
A Psicanálise, as Discriminações e as Religiões
Fonte: Saúde Publica(da) ou não