Movimentos da luta antimanicomial ocupam Ministério da Saúde contra novo coordenador
Movimentos sociais e ativistas ligados à luta antimanicomial ocuparam na manhã desta terça-feira (15) a sala da coordenação geral de saúde mental do Ministério da Saúde. A ação ocorre após a nomeação do novo coordenador de Saúde Mental do órgão, Valencius Wurch Duarte Filho, pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB).
A Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (Renila) e o Movimento Pró-Saúde Mental do Distrito Federal pedem a exoneração imediata do coordenador nomeado, pois, segundo eles, “Wurch representa um retrocesso de direitos conquistados nos últimos anos por meio da política nacional de saúde mental”.
Várias manifestações também acontecem dentro e fora do prédio do Ministério da Saúde, com a participação de pessoas atendidas pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Violações de direitos humanos
Valencius Wurch Duarte Filho é médico psiquiatra e, de 1994 até 2000, ocupou o cargo de diretor-técnico da Casa de Saúde Dr. Eiras, na Baixada Fluminense, o maior hospital psiquiátrico de administração privada da América Latina.
Ele deixou esse cargo pouco antes de ação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), em 2000, que convocou os governos do estado e do município do Rio de Janeiro a promoverem a reorientação da assistência psiquiátrica do estabelecimento, com a consequente perda da gestão plena municipal e a proibição de novas internações.
No mesmo ano, o relatório da 1ª Caravana Nacional de Direitos Humanos constatou graves violações de direitos humanos no local. Foram verificadas a prática sistemática de eletrochoque, falta de roupas para os internos, quantidade de alimentação insuficiente e de má qualidade, além de um número significativo de pessoas que permaneciam em internação de longa permanência.
Em 2009, a Justiça determinou o fechamento da Casa de Saúde Dr. Eiras e a transferência dos pacientes para outras instituições, como parte da Reforma Psiquiátrica e das novas políticas de Saúde Mental, instauradas pelo Ministério da Saúde. Estas visavam a reinserção das pessoas com transtornos mentais à família e a restringir internações de longo prazo a pacientes.
Texto: Fonte Saúde Popular org
Fotos: Simone CO
Por Carlos Rivorêdo
Oi, pessoas humanas.
Caminho árduo, tortuoso, cheio de troncos, pedras e abismos prontos a cercear o avanço.
Loucos, anormais, marginais, delinquentes, aleijados, voados, putas, sapatões, bêbados, negros, índios, malucos, todos malucos. As expressões do humano que se afastam do que os ditos normais imaginam de si mesmos tornam-se objeto do domínio, da conquista, da servidão da sujeição.
Vivemos em guerra, guerra contra o que não sou eu. Não há lugar, nesta sociedade psicopática, para nenhum comportamento que seja diverso do que pesamos que somos ou desejaríamos ser, segundo os ditames da moral excludente.
A nau dos insensatos ainda persiste como a solução para forçar a desumanização do humano.
Mesmo esses grupos almejam os mesmos ideais. O que mata o humano é exatamente a luta diuturna pela desumanização movida a essa moral que pretende aniquilar as manifestações dos instintos.
Insensato é o que se opõe ao sensato, racional, disciplinado, sujeitado. Insensato é aquele que diz do que somos e não queremos ser para obedecer. O "eu quero" está, a todo momento, em luta contra o "eu devo".
O silêncio é a marca do manicômio. O silêncio imposto pela impregnação, pela convulsão e torpor, pela desindividualização própria das instituições totais – entre elas o manicômio, é a solução para o diverso.
Afinal, quem nessa guerra é insensato?
Há que resistir sempre.
Beijo todos
Carlão