A Prefeitura do Rio – por meio da Coordenadoria da Diversidade Sexual e da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) – vai intensificar as ações de prevenção e conscientização da população contra doenças sexualmente transmissíveis (DST). O foco do trabalho, que teve início em novembro, são as ruas, praias, bares e boates da Zona Sul, da Glória a São Conrado.
Além da divulgação sobre doenças sexualmente transmissíveis, a “Operação Verão – toda forma de prevenção vale a pena” – que vai até o fim de março – incentiva a testagem, divulga e esclarece sobre a Profilaxia de Pós-Exposição (PEP) e distribui preservativos masculinos e femininos para cariocas e turistas que lotam a cidade durante a estação mais quente do ano.
– Sempre defendi que a prevenção deve ser feita o ano inteiro. Quando as campanhas são feitas esporadicamente, elas se perdem e se diluem ao longo do ano. O importante nessa campanha é falarmos de prevenção na ponta. Para isso nós vamos às saunas, pontos de prostituição e locais de aglomeração de pessoas – explica o coordenador especial da Diversidade Sexual, Carlos Tufvesson.
Segundo os registros do Ministério da Saúde, a faixa etária em que a AIDS é mais incidente, em ambos os sexos, é entre 25 e 49 anos de idade. Em relação aos jovens (13 a 19 anos), os dados apontam que, embora eles tenham elevado conhecimento sobre as formas de prevenção às DST/AIDS, há uma tendência de crescimento da incidência das infecções de transmissão sexual entre eles.
– As estatísticas apontam que, no Estado do Rio de Janeiro, no grupo de homens que fazem sexo com homens (HSH), a taxa de transmissão do vírus HIV é de 14%, o que requer ações preventivas focadas. Queremos ir ao encontro deste público mais vulnerável ao invés de esperar que eles venham até nossas unidades de saúde. Nesta estação o Rio de Janeiro, especialmente a Zona Sul, recebe um afluxo muito grande de turistas (internos e internacionais) que participam, junto com a população carioca, de festas, baladas, shows, etc. Este movimento de turistas é principalmente de jovens, que segundo as estatísticas nacionais, é o grupo mais vulnerável à infecção pelo HIV – informa Paula Travassos, coordenadora de atenção primária da SMS na Zona Sul.
A ação é composta por seis agentes treinados pela prefeitura para tirar as principais dúvidas sobre os assuntos tratados na abordagem. Entre os locais visitados estão a Mureta da Urca, o Arpoador, saunas e termas, os baixos Gávea, Botafogo e Leblon, a Praça São Salvador, a Comuna, e a Pedra do Leme. A intenção é levar esse trabalho piloto para outras regiões da cidade, como Madureira e Centro.
Aluna do Projeto Damas e participante da equipe de divulgação da campanha, a transexual Negriny Venture conta que inicialmente existe uma resistência das pessoas à abordagem, mas que o resultado final é gratificante:
– Muitos não gostam de ser incomodados, mas depois da nossa introdução ao assunto ficam interessados no que estamos oferecendo. Temos gostado de percorrer locais com muita gente se divertindo. Em Copacabana, por exemplo, sempre nos recebem de forma muito bacana, as pessoas se interessam pelo material e querem saber mais sobre a PEP.
Segundo Tufvesson, a campanha permanente de prevenção será reforçada com a ação de carnaval da Prefeitura do Rio, já tradicional em blocos, bandas e festas da cidade:
– Fazemos questão de informar e lembrar que não existe grupo de risco e sim comportamento de risco. Não estamos falando só de HIV. Falamos de sífilis, gonorreia e HPV que, infelizmente, voltaram a crescer entre a população.