BANALIZAÇÃO DA CRIMINALIDADE, CORRUPÇÃO E DO CUIDADO EM SAÚDE
Muito além das implicações decorrentes dos danos físicos para com suas vítimas, a violência urbana traz consequências devastadoras de natureza mental, emocional, psicológica, econômica, moral e social, que, direta ou indiretamente, envolve todos membros das famílias, amigos e pessoas significativas, além de corroer laços e princípios de civilidade imprescindíveis nos processos de interações sociais. Somos conhecidos e até fazemos questão de nos identificar como povo pacífico, festeiro, alegre, divertido, mas, não há como negar nossa tolerância para com comportamentos marginais e destoantes, característicos de sociedades regidas por sistemas políticos, jurídicos, filosóficos e institucionais frágeis, deficitários, divergentes, assimétricos. Estrategicamente constituídos para facilitar defesas do indefensável.
Aprendemos a conviver com a desordem pública, com a impunidade, com a intolerância, como se fossem naturais expressões do eventual comportamento de pessoas revoltadas por esta ou aquela razão. Com o político ou gestor público que se utiliza do cargo para usurpar, desviar recursos do erário a seu interesse, apropriando-se do que deveria servir ao cidadão em suas necessidades de serviços de saúde, educação, segurança, etc. Com grupos de jovens, bandidos, desvairados, que se veem no direito de depredar o patrimônio público, como se não fosse ou estivesse ali para servir a todos, inclusive, eles próprios.
Nosso sistema carcerário mais parece centros de especialização e formação para experts do crime, desde os voltados para o atendimento de jovens infratores aos presídios de segurança máxima, não obstante ao que o governo arrecada para fins de aplicação na segurança pública. Quadrilhas organizadas de profissionais da área de direito estudam a fundo brechas na legislação, formas de driblar o instituído, garantindo impunidade aos traficantes, marginais, assassinos, corruptos, mesmo cientes de que serão pagos com dinheiro que exala a sangue, drogas, extorsão.
De tanto corromper as empresas e empresários nas licitações públicas para compras de insumos, liberação de projetos de construção, convênios, etc, nossas estradas se esfarelam com efeitos das chuvas sazonais, devido à má qualidade dos materiais utilizados nos asfaltamentos, construções de pontes, viadutos. O escoamento da produção fica prejudicado, com isso os preços sobem e a inflação corrói salário dos menos favorecidos economicamente.
Atos de violência constatados nos inúmeros casos publicamente denunciados de pacientes que ficam sem exames, medicamentos e procedimentos oncológicos, indispensáveis à avaliação e continuidade dos tratamentos. Outros tantos submetidos a procedimentos cirúrgicos sem necessidade. Da mesma forma, muitos registros falsificados da utilização de materiais, sem qualquer confirmação em posteriores auditorias.
O que nos causa mais indignação é o fato de os corruptores serem sempre os mesmos e não há o que os incrimine, enquanto muitos brasileiros padecem com serviços públicos de péssima qualidade, morrem sem receber atendimentos dignos.
Enquanto o país está efetivamente mergulhado na lama da corrupção, nossos representantes políticos, maioria envolvida em escândalos de toda ordem, mesmo ante à provas e evidentes indicativos de participações em atos ilícitos, usam da empáfia, truculência e cinismo para se dirigir ao público, quando entrevistados pela mídia, um deboche!
Vejo com preocupação a crescente evasão de jovens talentos brasileiros, batalhão de récem formados que buscam estabilidade e melhores oportunidade de construir a vida noutro país, afinal, a cada dia fica mais difícil conviver com tamanho descaso, desrespeito, violências mais ameaçadoras que a epidemia de dengue, chikungunya, zika, no Brasil.
