Num mundo conectado, a colaboração é palavra de ordem. Se eu tenho algo que pode ser util ao coletivo, é preciso fazer rodar, compartilhar, e construir o que eu tenho com o que o outro tem. A tal inteligência coletiva só se faz presente quando entramos no processo de colaboração. Comunidades são criadas, tecnologias facilitam as trocas, e vamos recriando uma nova sociedade. É preciso deixar para trás o conformismo do individualismo, da concorrência, das disputas e da solidão.
E nesse cultura é preciso pensar em uma outra educação. Se pelas redes sociais conseguimos nos conectar, precisamos de processos de aprendizagem que sejam pautadas pela colaboração. E navegando pela internet através das minhas redes (meus contatos), conheci os Recursos Educacionais Abertos.
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Logotipo do REA, desenhado por Jonathas Mello em parceria com a UNESCO
Assim como o software livre, o REA move milhares de pessoas, entre educadores, jornalistas, ativistas. O termo foi cunhado no Fórum de 2002 da Unesco sobre Softwares Didáticos Abertos, levando em consideração documentos internacionais como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Convenção de Berna de 1971, definindo Recurso Educacional Aberto como
“os materiais de ensino, aprendizagem e investigação em quaisquer suportes, digitais ou outros, que se situem no domínio público ou que tenham sido divulgados sob licença aberta que permite acesso, uso, adaptação e redistribuição gratuitos por terceiros, mediante nenhuma restrição ou poucas restrições. O
licenciamento aberto é construído no âmbito da estrutura existente dos direitos de propriedade intelectual, tais como se encontram definidos por convenções internacionais pertinentes, e respeita a autoria da obra”, como podemos ver na Declaração REA de Paris de 2012.
Resumindo: É um material educacional que pode ser utilizado por outrem. Isso significa que, através de uma licença e num formato de arquivo acessível, qualquer pessoa pode usar, mexer/remixar ou compartilhar livros, planos de aula, vídeos, áudios, imagens, apresentações e o que você permitir. Numa cultura de colaboração, você coopera facilitando o acesso ao que você cria para fins educacionais. É o conhecimento aberto, livre!
Isso pode ser interessante se você realmente entrar no espírito. Permitir que outros melhorem seu conteúdo, redistribuam, revisem, atualizem, é fazer a roda girar, participar de uma verdadeira transformação no mundo. Pois o conhecimento é construído de maneira colaborativa, com a presença de muitos. fazer que outros participem desta construção, emponderando o próximo.
Existe passo a passo para transformar meu material num REA?
Bem, o REA está focado nos recursos em si, e, para isso, algumas ações são importantes. É preciso pensar nessas possibilidades:
1 – Conteúdo: é o material em si que você disponibilizará. Cursos completos, livros, artigos, coleções, materiais, entre outros. Mas antes de achar que seu material é aberto, faça a reflexão: é possível alguém usar e mexer neste arquivo? este conteúdo precisa estar em formato técnico aberto, para facilitar práticas como a remixagem. Por exemplo, pense se é melhor disponibilizar sua apresentação em pdf ou em ppt;
2 – Ferramentas: Como vc disponibilizará. Usar software para auxiliar a criação, entrega, uso e melhoria do conteúdo é muito importante. Usar repositórios que ajudam a organizar e sejam de fácil busca, como é caso do Campus Virtual de Saúde Pública Brasil (https://brasil.campusvirtualsp.org/repositorio) ou o Acervo de Recursos Educacionais em Saúde – ARES, da UNASUS (https://ares.unasus.gov.br/acervo/). Ou sites próprios, mas que dê condições para o reuso.
3- Recursos para implementação: É preciso resguardar o material através das licenças abertas. Definir licenças de propriedade intelectual, com o objetivo de promover a publicação aberta de materiais. Alguns dos repositórios já possuem licenças pré-definidas, ou dão condições do usuário escolher a licença. Para aqueles que desejam colocar seu material num site próprio, é possível publicar na plataforma CC – Creative Commons, através deste link https://creativecommons.org/choose/?lang=pt
4 – Práticas: É preciso incorporar em suas ações, em seus materiais, nas ferramentas as narrativas de uso. Incentivar, distribuir, reutilizar.
Tipos de Licença

Este artigo não se encerra por aqui. E aí, o que achou? Vamos tornar o nosso conhecimento livre e colaborativo?
Referências:
Cartilha sobre REA: https://www.rea.net.br/site/wp-content/uploads/2012/03/Folder-REA.pdf
Creative Commons no Brasil: https://creativecommons.org.br/
Recursos Educacionais em Saúde – Acervo: https://www.unasus.gov.br/page/ares/o-que-e-o-ares
Unesco – Declaração REA de Paris em 2012: https://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/CI/CI/pdf/Events/Portuguese_Paris_OER_Declaration.pdf
REA na Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Recursos_educacionais_abertos
Livro: Recursos Educacionais Abertos – práticas colaborativas e políticas públicas https://www.livrorea.net.br/livro/home.html