Encontros de resistências sociais

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Encontros de resistências sociais

Narrativas dialogadas com Adriana Rosmaninho Caldeira de Oliveira

Elaine Perez

 

Droga!

O que te aborrece?

A droga.

De quê? De vida? De governo? De vizinho? …

Não, a DROGA!

Qual? Cigarro?

Como? Não acredito! 

Ah, só pode ser o álcool? Goró? Cana?

Meu se liga, ESTOU FALANDO “DA DROGA”!

Como não pensei, o nosso amado café?

Você está treze?

Na mosca, só pode ser anfetamina.

Acorda!

Já sei, A-N-S-I-O-L-Í-T-I-C-O?

Desisto de você, seu caso é clínica de desintoxicação, reabilitação.

DROGA.

Quero encontro, diálogo.

Droga, fenômeno plural de múltiplas manifestações.

Vocábulo RESTRINGIDO pela medicalização e criminalização.

Dionísio brindaria a grande festa da hipocrisia!

Invasão da legalidade e criminalização da ilegalidade.

Camisa de força da normalidade que impõe o peso do conceito moral.

Interesses políticos, religiosos e econômicos controlando o termômetro

da tolerância ou da intolerância.

Mercado ilícito, clandestino…proibido.

Sentença que desvia o caráter, estigmatiza,

afasta, criminaliza, marginaliza.

Estado de Polícia em detrimento do Estado de Direito.

Delação premiada pela colaboração 

ao enfrentamento do maior “inimigo” do Estado.

Estereótipo de manutenção da ordem social, força simbólica que

demarca o “normal”, o “desviante”, o “patológico”,

o “aceitável”, o que não pertence. 

Linha divisória dos que estão dentro”

e os que estão fora.

droga…

Quero anúncio, possibilidades.

Alternativas, outras vozes.

Descriminalização?

Liberação?

Conhecimento?

Ignorância?

A liberdade se vivencia na cotidianidade.

O cotidiano escolar é marcado por práticas discursivas.

Desejo de prosa a partir da compreensão da complexidade das relações

sociais estabelecidas no contexto de quem está envolvido. 

O que representa e significa a droga em sua história de vida?

Qual o lugar ocupado pela droga?

Sensibilidade que solicita encontros…

Ética tecida nos movimentos libertos da alteridade.

Fala que nomeia as potências do ser político.

Nome adquirido no exercício da despersonalização, ou seja, de despir

se da marca cortante da personalidade

instituída do “drogado”, criminoso”.

Multiplicidades dançantes, intensas que se misturam no movimento

 emancipatório da mestiçagem.

Educação pelo outro, diálogo aberto, sem especialismos sabedores de

soluções salvadoras ou de uma mídia

produtora de “verdades” instantâneas.

Queremos diálogos francos permeados 

pelo encontro solidário de nossos saberes.