TRILHAS PERCORRIDAS

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Trilhas percorridas 

Déjà vu inspirado nas canções de Chico Buarque

Elaine Perez 

 

“Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir.

A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir.

Por me deixar respirar, por me deixar existir.

Deus lhe pague.”

 

Pediu permissão para viver?

Para comer?

Para beber?

Para dançar?

Para rir?

 

“Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo.

Bebeu e soluçou como se fosse máquina.

Dançou e gargalhou como se fosse o próximo.”

 

É assim mesmo…vai passar….

 

“Vai passar, palmas pra ala dos barões famintos.

O bloco dos napoleões retintos

e os pigmeus do boulevard .

Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar.

A evolução da liberdade até o dia clarear.”

 

Silêncio! A ordem é emudecer….

 

‘Como é difícil acordar calado.

Se na calada da noite eu me dano.

Quero lançar um grito desumano.

Que é uma maneira de ser escutado.

Esse silêncio todo me atordoa.

Atordoado eu permaneço atento.

Na arquibancada pra a qualquer momento.”

Ver emergir o monstro da lagoa.”

 

“Pai afasta de mim esse cálice.”

 

O que foi? Está com medo? Agoniado?
 

“O que será que será?

E todos os meus nervos estão a rogar.

E todos os meus órgãos estão a clamar.

E uma aflição medonha me faz implorar.

O que não tem vergonha, nem nunca terá.

O que não tem governo, nem nunca terá

O que não tem juízo.”

 

Ta pensando em quê?

 

“Todo dia eu só penso em poder parar.

Meio dia eu só penso em dizer não.

Depois penso na vida pra levar.

E me calo com a boca de feijão.”

 

Cansou? Desanimou?

 

“Tem dias que a gente se sente.

Como quem partiu ou morreu.

A gente estancou de repente.

Ou foi o mundo então que cresceu.

A gente quer ter voz ativa.

No nosso destino mandar.

Mas eis que chega a roda-viva.

E carrega o destino pra lá.”

 

Saudosismo?

 

Somente lembranças….

 

“Num tempo página infeliz da nossa história, passagem desbotada na

memória.

Das nossas novas gerações.

Dormia a nossa pátria mãe tão distraída,

sem perceber que era subtraída.

Em tenebrosas transações.

Seus filhos erravam cegos pelo continente, levavam pedras feito

penitentes.

Erguendo estranhas catedrais.

E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz.

Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval.”

 

“Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar.

A evolução da liberdade até o dia clarear.”

 

Pela alCunha do “Poder”, há que “Temer” o próprio verbo. 

 

“Amanhã vai ser outro dia….”