Culpado
Elaine Perez
Seu veredito é culpado.
Qual meu crime?
Entrou na porta errada.
E o pior abriu outras portas.
A acusação está respaldada
nas defesas dos nossos territórios.
Não serei ouvido?
Tenho direito de defesa!
Sua fala será permitida
a partir da porta dos fundos.
Nos fundos, àqueles que me acusam
nunca chegam.
Que sua defesa grite,
talvez escutemos murmúrios.
Quando cheguei a porta estava aberta.
Porque não poderia ter entrado?
O que o fez se autorizar
adentrar nesta porta aberta?
Que ousadia a sua inquirir o direito
de uma defesa que já nasceu culpada.
Sua presença suja o chão que pisamos.
Meus pés tem somente
as marcas do caminhar.
Mais um crime para ser somado a acusação.
Entrar pela porta da história
e não apagar as marcas de suas ações
é delito sem direito a defesa.
Os interesses apregoados pelos ditames do poder,
deixam bem claro os limites.
Almas transgressoras serão pisoteadas,
por passos que sabem
a arte de apagar suas forças.
Em nome da moral e dos bons costumes.
Digo ao povo!
Culpado!
Desta maçã você não terá
o direito de experimentar.