DE DEMOCRACIA REPRESENTATIVA À PARTICIPATIVA: A SAÚDE COLOCADA EM PLANO SECUNDÁRIO.

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Não é admissível tanta perda de tempo e energia dos nossos representantes da classe política, tratando de questões tipicamente relacionadas aos seus próprios descaminhos, enquanto a saúde pública amarga falta de tudo, e mais um pouco. O sistema público de saúde brasileiro experimenta a mais grave crise desde a sua criação, mas não constitui objeto de discussão para ser destacado em pauta das sessões legislativas nas três esferas de governo, o que agrava a cada dia mais seu quadro deficitário.

A atual crise de credibilidade da classe política brasileira estampada pelas manifestações de rua, associada ao rápido fluxo do que se propaga nas redes sociais, não deixa dúvida para todos que receberam mandato através de votos da sociedade, sobre os dias contados para o final do regime democrático apenas representativo. A sociedade brasileira dos anos de 2016 apresenta-se participativa, inteirada, crítica e atenta para não mais permitir que maioria dos seus representantes nos governos municipais, estaduais e federal, do poder executivo ou legislativo, continuem agindo como se seus compromissos com a população figurassem em segundo ou terceiro planos.

Ficamos sobremodo indignados com a audácia de alguns deputados e senadores da República que adotam descaradamente conduta teatralizadora, quando abordam questões de relevância e impacto social. Parece deboche, subestimação da capacidade compreensiva, interpretativa e reflexiva da sociedade em sua totalidade. É bom que saibam que nem todos cidadãos são frutos das algemas do fracassado e proposital sistema educacional brasileiro, que reproduz gerações subservientes para massa de manobra e perpetuação da velha política, a serviço de suas oligarquias.

Costuma-se flagrar políticos em plena sessão pública dos legislativos atuando em defesa de corporações empresariais diversas, pior, anunciando-as em caráter prioritário. Em seguida, a prioridade geralmente é atribuída ao que lhes possa auferir lucro, portanto, em âmbito pessoal. Finalmente, voz e votos para o que diga respeito ao de fato acrescenta algo na labuta dos seus representados, eleitores que lhes confiaram oportunidade de zelar pelos interesses da população. Lógica da velha maneira de exercer cargo público eletivo, que a sociedade já não tolera. Confirmação inequívoca para explicar a atual baixa credibilidade da classe política brasileira.

Não compreenderam o significado evidenciado nas manifestações das ruas? Não se tocaram com o veiculado pelas redes sociais? Varar madrugada votando em causa própria na tentativa de escapar da justiça pelas ações espúrias que praticaram, é abominável, e a sociedade acompanhou tudo, surpresa com alguns, inclusive. Assumam que manobras inverossímeis para invalidar processo de passar o Brasil a limpo, apenas retardam a retomada do crescimento, aniquilam as empresas, afastam os investidores internacionais, agravam o aumento do desemprego, exacerbam a violência, a doença e a fome no país.

Nossa democracia representativa quase afunda o Brasil em crise institucional sem precedentes, abrindo brecha para que grupos extremistas de direita ou esquerda, aproveitassem do aparente caos para se intitular salvadores da Pátria, acalentados pela população desiludida. Já amargamos e repudiamos as atrocidades impostas por regime de exceção, e as gerações do pós-ditadura militar não merecem tão pesado fardo. Não fosse a sábia decisão do Supremo Tribunal Federal – STF, de manter réu na presidência do Senado, ainda que na forma de sapo engolido como amargo remédio, poderíamos cair na ridícula teatralização da pauta do senado, da câmara dos deputados e do próprio Congresso Nacional. Decisões vitais poderiam ser postergadas ao máximo, até o limite da inconsequente maldade daqueles que não têm menor compromisso com princípios da democracia participativa. Ainda bem que o STF se dispôs a pagar o ônus do emergencial, os culpados que aguardem. Justiça pode tardar, mas, não falha! O efeito dominó é impiedoso, a hora chega para que a oligarquia alagoana seja colocada no seu lugar.