Hospital Regional São Paulo aumenta em 21% o número de partos normais

6 votos

O índice foi alcançado após a participação no programa Rede Cegonha  e ações de humanização

 

O Ministério da Saúde (MS) divulgou no início deste ano, que pela primeira vez desde 2010, o número de cesarianas na rede pública e privada de saúde não cresceu no Brasil. Dos 3 milhões de partos feitos no país em 2015, 55,5% foram cesáreas e 44,5%, partos normais. Em 2016, dados apontam a estabilização dos índices. No Hospital Regional São Paulo – ASSEC, em pouco mais de três anos de incentivo ao parto normal, houve a redução de 21% no número de cesarianas.

O HRSP registra em média 110 nascimentos por mês. Nos últimos três anos, desde a implantação da Rede Cegonha – um programa do MS que incentiva a humanização do atendimento à gestante e bebê – o número de partos normais tem crescido. “Na época que iniciamos com a Rede Cegonha o índice de cesarianas ultrapassava os 80%, registrando 89% em alguns momentos. Um índice muito alto”, relembra a gerente de enfermagem, Fabiana Floriani.   

Aumentar a aceitação do parto normal foi um grande desafio, pois as gestantes já chegavam no hospital com uma ideia prévia de cesariana, independente de ser particular, Sistema Único de Saúde (SUS) ou por convênio. Para mudar essa visão, no primeiro ano na Rede Cegonha, procurou-se fortalecer o entendimento da própria equipe hospitalar sobre o parto normal, além da criação de ambientes diferenciados.   “O parto normal humanizado requer tempo, paciência, compreensão e dedicação. Tivemos que conscientizar a equipe, melhoramos os ambientes com espaços adequados, pois o ambiente da maternidade era muito cirúrgico. A intensão foi criar um local mais acolhedor, para mostrar à mulher que o parto humanizado é bonito e tem benefícios”, explica Fabiana.

Em menos de seis meses o HRSP conseguiu reduzir em 6% o número de cesarianas. Em 2016, o hospital encerrou o ano com índice de taxa de partos cesáreos em 68%, isso somando os atendimentos pelo SUS e também pela rede suplementar, reduzindo em 21% o número inicial. Mas quando se analisam os dados de atendimentos via SUS, os índices são ainda melhores. “Quando analisamos somente e taxa SUS, que é o nosso maior público, aí sim a média de partos normais chegou a 50%. Um aumento superior a 30%, comparando com o primeiro ano do projeto”, complementa a enfermeira

Os números registrados no HRSP são ainda mais satisfatórios se fizermos uma comparação com os índices na região que compreende os municípios da Amai e São Lourenço do Oeste, onde a taxa de cesarianas fica em 73%.  A meta do Ministério da Saúde é reduzir 10% por ano o número de cesarianas, até chegar ao índice de 35%.  Vale ressaltar que a cesárea segue sendo recomendada em casos de complicações reais para a mulher e para o bebê, mas necessita de indicação médica.

 

Parto Humanizado

O trabalho dos profissionais do Hospital Regional São Paulo começa ainda antes do parto, com o “Encontro de Gestantes”. O intuito é justamente preparar as futuras mamães para todo o período, fazer com que conheçam a maternidade e a equipe que vai acolhe-las num momento tão especial. “Isso já cria um vínculo com os profissionais, fazendo com que elas se aproximem e confiem na equipe. Nós queremos fazer do parto um momento especial, já que é um marco na vida de muitas e nós, como equipe, ficamos muito felizes de poder participar”, comenta a enfermeira da maternidade, Talita dos Santos.

Atualmente, a maternidade do HRSP conta com ambientes que auxiliam no momento do parto.  O acompanhante participa do processo, no qual as decisões da gestante são ouvidas e consideradas. Uma equipe multidisciplinar com obstetra, pediatra, enfermeira, técnicas de enfermagem, psicóloga, fisioterapeuta e nutricionista atua nesse momento tão importante da vida da mãe e do bebê.

Conforme Talita, um dos ambientes bastante utilizados é o Espaço Humanizado Pré-parto, onde as gestantes são acolhidas e podem fazer exercícios ou massagens. Algumas inclusive optam pelo nascimento naquele espaço, por se sentirem à vontade no local. “Temos a escada vertical e as bolas de pilates. Há exercícios específicos para a gestante, orientados pela fisioterapeuta, que podem auxiliar no trabalho de parto e a relaxar a mulher”, comenta.

A proposta é o respeito a vontade da mulher, mas sempre levando em consideração a segurança e a saúde da mãe e do bebê.  “No parto humanizado a gente acolhe a gestante para que ela se sinta bem-recebida, orientamos sobre todo o parto, liberamos dieta líquida, ensinamos os familiares a fazer massagem e ela tem direito a um acompanhante 24 horas no período em que estiver na maternidade. A gente faz uma escuta ativa, tentando acalmar a gestante nos momentos de dor e explicando para ela como vai ser cada procedimento”, explica a enfermeira.

 

Vantagens do parto normal

O parto normal traz uma série de benefícios, tanto para a mãe quanto para o bebê:

– O risco de infecção é menor, assim como o risco de complicações devido à anestesia;

–  A mulher consegue se movimentar poucas horas após o parto, o que aumenta a autonomia e capacidade para cuidar do bebê;

– Favorece a subida e a produção do leite materno, fundamental para a o sistema imunológico do recém-nascido. A subida do leite é provocada primeiro pela contração do útero e com uma cesariana este processo torna-se “tardio” porque se salta algumas etapas;

– Estimula o aumento da produção de ocitocina, o “hormônio do amor”, que promove o vínculo afetivo com o bebê;

– A saída do bebê pelo canal vaginal provoca uma compressão do tórax do recém-nascido. Isso o ajuda a eliminar todo o líquido amniótico das vias respiratórias, aliviando desconfortos respiratórios;

– Nas primeiras 4 horas a seguir ao parto, os sinais vitais maternos regularizam e os músculos uterinos começam a contrair-se. Assim, o útero volta ao tamanho normal mais rápido.

               

 

Rede Cegonha

A Rede Cegonha é um projeto desenvolvido pelo Ministério da Saúde, mantido pelo SUS, e tem como propostas o atendimento humanizado e a assistência a gestantes e crianças de até dois anos. O programa nacional oferece uma série de cuidados às mães e aos bebês, garantindo nascimento seguro e humanizado, promovendo o crescimento e desenvolvimento saudáveis e reduzindo a mortalidade neonatal.

O primeiro passo para acessar o programa, durante a gestação ou ainda no planejamento da gravidez, é procurar a equipe de atenção básica dos postos de saúde municipais. Já durante a gestação a paciente poderá escolher o procedimento do parto e saber com antecedência o hospital onde nascerá o bebê.