A formação vai ao teatro: Psicologia, Territórios, Culturas e Saúde Mental.

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Na tarde do dia 11 de outubro, a turma do décimo período do curso de graduação em Psicologia, do Centro Universitário CESMAC/Maceió-Alagoas, esteve no Teatro Deodoro, para assistir ao espetáculo teatral “A Pena e a Lei”, baseado na obra de Ariano Suassuna e produzido pelo Centro de Pesquisas Cênicas de Alagoas.

 

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A proposta de ir ao teatro, configurou-se como atividade vinculada a disciplina de Saúde Mental, Culturas e Territórios, que tem como objetivo desenvolver processos formativos/participativos que operem na “objetividade esmagadora” do cotidiano (Fanon, 2020). Territorializar os processos de cuidado tem sido um dos maiores desafios para a garantia do cuidado humanizado e resolutivo nos serviços de saúde mental, nesse sentido, territorializar a formação também é uma via para que cada vez mais o perfil formativo esteja sintonizado com princípios do SUS e das Reformas Sanitária (RS) e Psiquiátrica (RP), que têm na defesa da garantia de direitos seu princípio ético-político central. ​Na avaliação da turma:

“Abordamos em sala bastante o conceito de território e territorialização, a peça intitulada de “A pena e a lei” de Ariano Suassuna, retrata diferentes questões associada a situações em que acontecem em nosso país abordando essa diferenciação entre o Brasil das elites e o Brasil real. Dessa forma, a peça também expõe de uma forma cômica verdades que fazem refletir acerca da justiça desenvolvida pelo homem. Diante disso, ao pensar no conceito de território implica diferentes concepções, visto que ele não se limita somente ao espaço físico trazendo assim a territorialidade que consiste no conjunto de fatores pessoais, socioculturais, ambientais, políticos e entre outros que a partir disso promove a compreensão das interações sociais.”

Aproximar-se da textualidade de Ariano Suassuna possibilitou conhecer sua obra, que reúne, além da capacidade imaginativa, seus conhecimentos sobre a cultura popular no nordeste. Com o Movimento Armorial, Suassuna faz uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares. Ou seja, desloca forma, olhares e possibilidades de criação artística, desterritorializando a dicotomia entre erudito e popular. Busca construir um preceito estético, que parte das ideias de que é preciso criar a partir de elementos realmente originais da cultura popular do país, como os folhetos de cordel, os cantadores, as festas populares, entre outros aspectos. No olhar da turma:

“A partir da percepção de que o território está permeado por todas as heranças históricas, culturais e sociais de uma sociedade. Assim é possível perceber que o texto surge como um recorte histórico sobre um dado momento levando em consideração a percepção do autor sobre território e sobre a cultura, o que nos faz ampliar cada vez mais a compreensão de que o território está para além do físico.”

 

“Enquanto em Os Sertões – obra fundadora do Movimento Armorial – Euclides da Cunha construiu uma imagem do sertanejo completamente oposta à imagem do gaúcho, visto como homem bravo e destemido, na obra de Ariano esse mesmo sertanejo foi transportado para um universo mítico, retirado de sua vida comum e colocado no centro de uma narrativa lúdica, resgatando assim o espírito mágico dos folhetos do Romanceiro Popular do Nordeste. O Movimento Armorial, muito mais do que uma estética literária, foi um movimento artístico que incluiu diferentes tipos de arte, como música, dança, teatro e arquitetura”. A turma aponta essas questões:

“Pensei na cultura, a forma como a peça trás um viés cultural de vivência daqueles personagens. Ou seja, Um dos aspectos que mais me lembrou na disciplina foi os elementos culturais presentes na peça.”

 

Ou seja, aprender sobre os nossos lugares com Ariano Suassuna, foi:

“Considerar que o espaço não é só geográfico, mas sim um espaço que envolve uma discussão social, biológica, psicológica, sociocultural, socioeconômica e vários outras concepções, compreende-se que o espaço físico social envolve tanto uma proximidade física, quanto uma inclusão da mesma realidade social e ao pensar e vivenciar o espaço de teatro, é possível considerar como um local em que possibilita a expressão e a apresentação de diferentes realidades e questões sociais, promovendo não só a alegria e a interação, mas também a reflexão acerca do que está acontecendo e quais são impactos que as temáticas apresentadas provocam em nossa realidade”.

Assim, interessou nesse diálogo, discutir com a turma o olhar  sobre espaço-lugar-tempo do teatro, da cidade e da formação em Psicologia. E para o grupo, a experiência foi:

 

“Muito bom para pensarmos e observamos a relação com o tempo atual”.

“um lugar ao qual a arte se mostra de realista , dinâmica…levando em consideração as reações do público, sendo um processo construído através do vínculo entre atores e plateia e em tempo real”.

“A psicologia vai além de um consultório fechado e o teatro foi uma forma de vivenciar essa psicologia, eu nunca havia pensado na possibilidade de relacionar a psicologia ao teatro, mas nessa nova vivência eu pude ver essa possibilidade”.

“Um olhar mais crítico e aprofundado sobre inúmeras questões que foram abordadas na peça e que condizem muito com a formação acadêmica”.

VIVA O TEATRO ARMORIAL!

 

Esses deslocamentos entre uma formação centrada no modelo da clínica e de especialização precoce, para uma formação ordenada pelo Sistema Único de Saúde, para o desenvolvimento do trabalho na Atenção Psicossocial, tem sido bastante potente:

 

“Foi uma experiência enriquecedora, pudemos sair um pouco da sala de aula para vivenciar, apreciar e associar a temática da peça com os textos abordados em sala de aula, o que faz com que o nosso conhecimento enquanto alunos e futuros profissionais não fique limitado”.

 

Uma aposta que fazemos cotidianamente para superar as práticas reduzidas à lógica ambulatorial e campanhista, o que exige necessariamente um conhecimento profundo e complexo sobre as necessidades de saúde da população (Paim, 1996). ​Pois, as condições psicossociais, econômicas e culturais da comunidade, portanto, devem ser consideradas e alcançadas por atividades educativas, comunicacionais, socioassistenciais, de segurança, entre outras, gerando espaços de participação popular, ações intersetoriais, interprofissionais e em rede (Paim, 1996; 2015). ​

 

Movimentar as redes formativas em distintas direções!

 

Obrigada a turma do décimo período! Vocês já estão conectados e conectadas nessa rede para fazer o SUS dá certo!

 

 

Obrigada CEPEC pelo convite!

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