Sabe-se que o conceito de loucura não servia somente para se referir a pessoa com algum tipo de transtorno mental, pelo contrário, o termo era utilizado para descrever qualquer pessoa que fugisse do padrão de normalidade da época. Isso queria dizer que, muitas pessoas foram tachadas e tratadas como loucas de maneira inapropriada e submetidos a tratamentos cruéis e punições severas que causavam danos permanentes.
O presente texto visa discorrer de forma breve a cerca das mudanças na compreensão do termo, tratamentos e o impacto do processo de humanização resultante da reforma psiquiátrica.
Inicialmente os hospitais tinham como proposta hospedar todos aqueles que por ventura necessitassem de um cuidado especial. Vinculados a instituições religiosas e/ou filantrópicas os hospitais serviam também como a alternativa de abrigo para aqueles considerados desajustados ao comportamento social estabelecido como aceitável na época.
Desta forma o hospital, assim como os asilos, manicômios e hospícios servia de abrigo permanente para enfermos, presidiários, homossexuais, alquimistas, deficientes e outras pessoas que por algum motivo eram vistas com maus olhos perante a sociedade. Onde em um contexto de enclausuramento e exclusão social estes indivíduos eram então submetidos a castigos, punições e pseudotratamentos que só sessavam quando o louco era capaz de se autopunir em consciência aplicando noções de culpa e medo dos castigos, funcionando como um mecanismo de controle interno.
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Quanto ao tratamento, realizado nesses locais haviam uma série de técnicas que em sua maioria causavam danos irreversíveis aos pacientes, dentre tantas, podemos citar algumas:
. Convulsão provocada
. Acorrentar em sala escura
. Prisões acolchoadas
. Indução ao coma
. Esterilização/ Cirurgia ginecológica
. Afogamento
. Privação alimentar
. Lobotomia
. Camisa de força
. Eletrochoque
. Violência física e psicológica
Não é em vão que acontecimentos ocorridos no hospital de Barbacena no Brasil geraram um documentário chamado O Holocausto Brasileiro, esses locais eram verdadeiros cenários de horror.
Felizmente com o passar dos anos a construção de novos saberes e práticas em relação a loucura, reforma psiquiátrica e posteriormente no século XX a criação da psicanálise e a psicofarmacologia propiciaram inúmeras melhorias no tratamento e compreensão dos fenômenos mentais. Que passaram a ser vistos e tratados de forma mais humana e digna.
A criação dos Centros de Atenção Psicossocial os CAPS surgiram como um importante recurso no processo de socialização e atendimento das pessoas em sofrimento psíquico e portadoras de necessidades especiais. Além de romper com um ciclo de negligência, violência que por anos assolou e ainda permeia aqueles que de alguma forma estão em alguma situação de vulnerabilidade social.
Desta forma, este trabalho além de traçar um breve histórico em relação à loucura e seu tratamento ao longo do tempo, nos propõe uma refle xão à cerca da linha tênue que distingue a saúde da doença, do considerado normal e anormal. A fim de despertar nós profissionais da saúde um olhar mais empático e humanizado diante das diferenças físicas, psicológicas e sociais dos usuários do Sistema Único de Saúde.
Por: Fernanda Marques e Isadora Becker, acadêmicas do 4º semestre de psicologia da FISMA.
Referências: FURTADO, Cintia. A história da loucura, os loucos do século XIX e a evolução da psiquiatria. Melkberg, 11 de setembro de 2018. Disponível em: <https://melkberg.com/2018/09/21/a-historia-da-loucura-os-loucos-do-seculo-xix-e-a-evolucao-da-psiquiatria/> Acesso em: 21 de setembro de 2019.
BATISTA, Micheline. Breve história da loucura, movimento de contestação e reforma psiquiátrica na Itália, na França e no Brasil. Revista de ciências sociais política e trabalho, julho de dezembro de 2018. Disponível em: <https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/politicaetrabalho/article/view/16690> Acesso em: 21 de setembro de 2019.
Por Raphael Henrique Travia
Olá Isadora,
Seja Bem-Vinda á RHS!
Sua postagem traz o grande processo de Humanização em Saúde Mental que só se tornou possível através da Reforma Psiquiátrica.
Vivemos tempos de retrocesso, perda de direitos e desgoverno na condução das políticas públicas que com discursos vagos, abrem as portas para a volta dos manicômios. Entretanto se estudarmos historia, facilmente percebemos que o modelo asilar e hospitalocêntrico fracassou por séculos.
Os CAPS em suas diferentes modalidades são a referência para o tratamento do sofrimento psíquico e abuso de álcool e outras drogas, assim como os CRAS e CREAS auxiliam sujeitos em vulnerabilidade social e o CER atua na saúde da pessoa com deficiência.
AbraSUS
Raphael