No dia 11 de junho de 2024, na instituição de ensino superior, Fisma – Faculdade integrada de Santa Maria. O Projeto O Comunidade de Fala, pertencente ao Programa de Extensão Espaço Nise da Silveira & Associação de Familiares, Amigos e Bipolares de Santa Maria (Afab) Ambos vinculados a Universidade Federal de Santa Maria – RS. Essa participação contou com espaço de uma atividade académica alusiva ao dia nacional de reforma psiquiátrica. Nesta oportunidade integrantes deste grupo troxeram suas experiências de tratamento e superação, inclusive com relatos de suas vivências de internação em hospital psiquiátrico, trazendo à tona os horrores vividos dentro de um manicômio. O relato é intenso e oferece uma visão crítica das práticas psiquiátricas tradicionais.
Adriano também discute a Reforma Psiquiátrica, destacando o trabalho de Franco Basaglia, que foi um dos maiores críticos da psiquiatria convencional e dos métodos opressivos dos hospícios. Basaglia defendia uma abordagem centrada na reintegração territorial e cultural dos pacientes à comunidade.
Abrindo mais suas experiências, a forma de mantê-los calados e inútil era a introdução de medicamentos em excesso, ao ponto de ficarem dopados e desta forma, não incomodariam e muito menos sairiam aos prantos. Ainda em suas conversas, que nos dias de hoje, elas se expressam em uma forma mais agradável ou bem dizer “divertida” faria com que o encontro ficasse leve, gostoso de se ouvir. Mas, e oque ele passou, ouviu, sentiu, quantos outros também não sentiram ou ainda sente na pele esse sofrer psicológico.
Hoje fazem 20 anos da Reforma Psiquiátrica no Brasil, teve como primeira fonte inspiradora as ideias e práticas do psiquiatra Franco Basaglia, que revolucionou, a partir da década de 1960, as abordagens e terapias no tratamento de pessoas com transtornos mentais. Basaglia teve ampla liberdade para aplicar sua nova abordagem libertária, rompendo muros culturais e físicos na forma como uma sociedade deve lidar com seus “loucos” para reintegrá-los à sociedade. Crítico da psiquiatria tradicional e da forma como operavam os hospícios, o tratamento psiquiátrico, desenvolvendo uma abordagem de reinserção territorial e cultural do paciente na comunidade. Isso em vez de isolá-lo num manicômio à base de fortes medicações, vigilância ininterrupta, choques elétricos e camisas de força.
Basaglia foi e ainda é importantíssimo para continuarmos a luta, não podemos deixar a mercê e fingirmos que os manicômios não existem, e não será a partir de hoje que não existira mais, claro que não, mas as aberturas que a comunidade nos da, o poder da fala, as instituições e as experiências de ex-internos nós levam a pensar e refletir. Foi uma boa roda de conversa, que nos cria a vontade de lutar, cada dia mais.
Por Emilia Alves de Sousa
Olá, Adriano!
É extremamente gratificante ler sua postagem e acompanhar esses relatos tão intensos de um ex-interno de manicômio. Sua contribuição é muito oportuna, especialmente num momento em que o debate sobre a Reforma Psiquiátrica é mais necessário do que nunca, diante dos retrocessos que temos visto na saúde mental.
Parabéns por trazer à tona essa discussão tão relevante!
AbraSUS