ABORDAGEM HUMANIZADA EM PACIENTES COM QUEIXAS GENITOURINÁRIAS
Dentro da temática “Abordagem Humanizada em Pacientes com Queixas Genitourinárias”, a Dra. Luiza Sprung, ginecologista e obstetra especializada em uroginecologia e sexualidade humana, trouxe o questionamento de que “se somos seres humanos, a humanização na saúde não seria redundância?”. Sabe-se que não, pois o objetivo da humanização é tornar o atendimento mais acolhedor, ao proporcionar proximidade com os pacientes, facilitar a troca de informações e promover o espírito colaborativo. As áreas de ginecologia e obstetrícia são particularmente desafiadoras nesse sentido, visto que acompanham todas as fases do ciclo de vida da mulher, devendo olhar além dos processos biológicos ao buscar entender as interconexões do corpo, da mente, das emoções e do ambiente. Assim, percebe-se que a complexidade do ser humano deve ser considerada como parte importante da consulta, especialmente durante a criação de um plano de tratamento que abranja todas as necessidades individuais de cada paciente.
Quando se fala em abordagem humanizada às pacientes com queixas genitourinárias, é fundamental compreender as peculiaridades de cada fase da vida da mulher, pois em cada fase ela apresentará uma queixa e, por isso, demandará uma abordagem diferente do profissional de saúde. Além disso, é fundamental atentar-se para a pluralidade sexual, fazendo o acolhimento das diversidades sem que haja presunção ou preconceito. Aqui, vale destacar que na fase infantil 2-25% das crianças apresentam alguma queixa genitourinária, cujas principais queixas envolvem o armazenamento e o esvaziamento urinário. Já na menacme, as principais queixas envolvem vulvovaginites, infecções do trato genitourinário, incontinência e distopias genitais e sintomas sexuais.
Adiante, por meio da fala da enfermeira Dra. Gisela Assis, buscou-se uma abordagem amplificada da temática, “A comunicação como um caminho de (re)humanização”. Nesse sentido, se desenvolve a questão “humanos atendendo humanos”, e a partir desse pressuposto se espera uma maior compreensão e afinidade na relação profissional e paciente, entretanto, em suma maioria se percebe respostas instintivas e mecânicas, cujo espaço de escuta e acolhimento acaba sendo deixado de lado, atitude que faz com que o paciente não tenha compreensão e consequentemente aderência pelo tratamento. Em relação às alternativas de tratamento, temos a primeira linha, que engloba modificações de comportamento, treinamento da musculatura do assoalho pélvico cuja resolução é de aproximadamente 70% dos casos. Assim, se percebe que muitos indivíduos vivenciam essa problemática que pode ser resolvida de uma maneira relativamente simples e de baixo custo, mas por acabarem não tendo acesso, devido à escassez de profissionais, desinformação de onde encontrar ajuda ou até mesmo pela dificuldade emocional de se expressar em relação a temática, tendo em vista que sempre há disfunções associadas: sexuais, escapes urinários, perda de fezes.
Nessa perspectiva, é nítido o ainda grande TABU na relação médico-paciente, realidade que acaba acarretando impactos na sua vida sistêmica. Sucessivamente, através do estudo apresentado relacionado às barreiras de adesão às medidas propostas para a efetividade do tratamento, a maior abordagem foi a falha de comunicação seguida pela ausência de acolhimento. Assim, sugere-se a adoção de propostas para vencer o modelo HAPA (Abordagem do Processo de Ação em Saúde), em relação a mudança de comportamento em saúde, que exige 3 fases (motivação, planejamento e ação). Em comum, muitos aspectos são construídos por meio de uma simples comunicação efetiva. E, é a partir dessa constatação que se verifica a falha da falta de tempo para a ocorrência desse fato que junto a isso necessita de um bom estado mental do profissional e/ou do paciente na complexidade dos temas em saúde. Em relação a complexidade, é necessário um espaço de fala e de escuta, como também entender que há uma grande diferença entre informar e comunicar.
Assim sendo, como ressalta o Dr. Rogério de Fraga, o paciente é o único especialista em si mesmo, o profissional domina os sistemas, as doenças e as alternativas de tratamento, entretanto, unicamente o paciente sabe de suas vivências, e assim, se ressalta que o plano diagnóstico deve ser construído conjuntamente. Nessa proposta, entende-se que humanizar não é somente ser simpático, humanizar é ser humano atendendo humano, não tendo como fugir de uma comunicação efetiva e nisso se percebe que a qualidade do tempo que o profissional oferece faz a diferença.
Deborah Fernandes Lucas¹; Isabella Silveira Prado Gomes²; Paola Bernardi da Silva³ e Mariana Cristina Steff Buttenbender⁴
¹ Graduanda em Fisioterapia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
² Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
³ Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
⁴ Graduanda em Medicina pela Universidade Pequeno Príncipe (FPP)
Por Sérgio Aragaki
Fiquei muito feliz ao perceber o quanto o conceito de humanização adotado é alinhado com o que propõe a Política de Humanização do SUS. Não se trata, portanto, como efeito, de práticas moralistas, autoritárias e que excluem o saber das pessoas sobre si mesmas. Antes, pelo contrário, uma abordagem complexa, integral, que reconhece e inclui as pessoas-usuárias do serviço de saúde na coprodução de diagnósticos e práticas de cuidado. Parabéns!!!