Acadêmicos médicos aplicam o “Teste de Ishihara” no “PSE”, no interior de SP.
As pessoas diagnosticadas com daltonismo enfrentam diversos desafios de acessibilidade no cotidiano. Elas podem ter problemas para escolher as roupas, por exemplo, e até passarem por situações mais complexas, como pode ocorrer na triagem de um atendimento em pronto socorro, que é feita por cores.
No dia de campo, nós futuros médicos, por meio do PAPP / FAMEPP / UNOESTE, realizamos uma visita para Escola Prof. Miguel Omar Barreto, em Presidente Prudente, SP para aplicar o teste de Ishihara e realizar o teste de acuidade visual. Nós, acadêmicos, estamos inseridos como membros da Equipe Interprofissional da ESF Cambuci por meio de uma parceria “Academia/Serviço”, firmada entre a UNOESTE e a Secretaria Municipal de Saúde de Presidente Prudente, SP.
A Facilitadora do Programa de Aproximação Progressiva à Prática (PAPP/FAMEPP/UNOESTE) utilizou a Metodologia Ativa da Problematização para estimular a produção de um Plano de Ação, com foco na Política Nacional de Promoção à Saúde (PNPS). Esta Política é muito importante, pois busca promover a equidade e a melhoria das condições e dos modos de viver da população.
Nós, acadêmicos, realizamos os testes nos escolares do sexto ao oitavo ano do ensino fundamental na escola visitada. Nosso Plano de Ação se alicerçou no “Programa Saúde na Escola” (PSE), envolvendo um trabalho intersetorial, entre as Secretarias Municipais da Saúde e da Educação. O PSE propõe que as ações de promoção e prevenção de agravos à saúde ocular, realizadas no espaço escolar, sejam parte da rotina das equipes de saúde e de educação.
Assim, as ações executadas por nós, futuros médicos, sob supervisão docente, tiveram como foco a identificação, o mais precoce possível, de agravos à saúde dos escolares, por meio de um olhar cuidadoso e singular. O PSE também aposta na continuidade do cuidado, desenvolvida e compartilhada entre as equipes dos dois setores, articulando saberes e poderes para enfrentar problemas.
Dessa forma, realizamos sob supervisão da docente o “Teste de Cores de Ishihara” para detecção de daltonismo. Esse teste é realizado com uma série de imagens, compostas por vários círculos coloridos, distintos um dos outros por sua cor e o desenho de um “número” que formam. Ao olhar para as figuras, um usuário SUS que possui algum tipo e grau de daltonismo, terá dificuldade de identificar estes números. A percepção do daltônico é alterada principalmente na visão das cores “verde, vermelho e azul”, e das cores derivadas. No entanto, a “condição alterada” do cliente deve ser confirmada por um oftalmologista. Quando o diagnóstico é feito na infância, há métodos educacionais específicos que ajudam a contornar a dificuldade de identificar determinadas cores, sendo importante a identificação precoce dessa alteração visual.
Concomitantemente ao teste de Ishihara, no PSE, realizamos também o teste de acuidade visual, de extrema importância, uma vez que a visão ajuda as pessoas em seu contexto social. Ela proporciona a percepção das pessoas para o conhecimento do ambiente, desde o nascimento e por toda a vida. É muito importante ressaltar que devemos perceber o significado que as alterações na visão acarretam na escola, reconhecendo a importância da saúde visual para o aprendizado. Estima-se que cerca de 20% de crianças em idade escolar apresentem dificuldades visuais não corrigidas. Em cada mil educandos do ensino fundamental, cem são portadores de erros de refração, necessitando de óculos para a correção de hipermetropia, miopia e astigmatismo. Para os escolares da Educação de Jovens e Adultos (EJA), o agravo mais recorrente é presbiopia.
A identificação precoce de possíveis alterações da visão é otimizada com apoio das equipes de Atenção Primária à Saúde e de educadores no cotidiano da escola. Ela é muito importante para promover a saúde ocular e também para evitar o comprometimento visual permanente.
Assim, o Programa Saúde na Escola (PSE) contribui para fortalecer as ações de Promoção à Saúde, visando ao desenvolvimento integral e proporcionando à comunidade escolar a participação nos programas e projetos que vão articular saúde e educação. A ideia é que os dois setores possam enfrentar as vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento dos escolares, no Território de Saúde ligado à ESF.
Os participantes consideraram como positiva a ação de “Construção de Ambientes Saudáveis” realizada na área adscrita a uma ESF do interior paulista.
Referência:
Ministério da Saúde, Saúde ocular. Programa saúde na escola. Brasília, 2016. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/caderno_saude_ocular.pdf. Acesso em: 18 de maio de 2023, às 12h 30min.
Teste de Ishihara. Clínica de Oftalmologia Integrada, 2023. Disponível em: https://coioftalmologia.com.br/exames-oftalmologicos/teste-de-ishihara-teste-de-senso-cromatico/. Acesso em: 18 de maio 2023, às 16h 13min.
Por Alex Wander Nenartavis
Parabéns à Acadêmica Maria Eduarda Algazal, pelo belo relato. É muito importante que o futuro médico tenha experiências em Saúde Coletiva, no Programa Saúde na Escola (PSE), em relação à Acuidade Visual dos pequenos usuários do SUS. Congratulações !