Olá, pessoal.
Hoje proponho uma reflexão baseada no artigo Saúde Indígenas Distâncias que Aproximam…, disponível no Caderno Humaniza SUS, Atenção Básica, Volume 2.
O sistema de atenção à saúde dos povos indígenas é um componente do SUS, possuindo pautas específicas que visam o atendimento humanizado dessa população, respeitando sua cultura e reconstruindo os conceitos relacionados à saúde, adoecimento e cura.
Ao se trabalhar com saúde indígena, as diferenças culturais ficam evidentes, tratando-se de uma nova concepção de corpo e de pessoa, dessa forma, para que se possa estabelecer um vínculo, é necessário pensar em novas abordagens, que estejam de acordo com essa realidade sociocultural.
Para que seja possível prestar um atendimento humanizado, é necessário conhecer sua cultura, história e conflitos, é preciso se dispor a escutar e a dialogar, habilidades essenciais para quem trabalha com saúde indígena, especialmente para a área da psicologia.
É importante lembrar que muitas vezes o que é muito valorizado dentro de uma cultura, pode não ter significado algum em outra, e isso irá refletir na aplicação das técnicas de cuidado, exigindo negociação compreensiva, assim como respeito a cultura e as crenças que dão identidade para estes povos, visando obter melhores resultados e um melhor entendimento sobre quem eles são e no que eles acreditam.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) indicou que a taxa de suicídios entre indígenas é três vezes superior à média do País, tendo como principais motivos os conflitos interpessoais e os contextos sociais e culturais. Outro fator de risco é o elevado consumo de álcool e drogas, tendo como motivação o afastamento desses povos da sua cultura e práticas tradicionais, especialmente os mais jovens, ocasionando em quadros de depressão e tentativas de suicídio.
Este dado confirma a importância do atendimento psicológico dentro do contexto da saúde indígena, trabalhando na promoção da vida através de ações estratégicas para esta população invisibilizada e, infelizmente, vítima de muito preconceito e estigma, mas que carece de atenção e cuidado. Assim como psicólogos, é importante toda uma rede qualificada de profissionais multidisciplinares, sendo essencial que ela seja composta também por agentes indígenas de saúde, pois muitas vezes a comunidade pode não se sentir confortável em conversar com profissionais fora da sua etnia.
Precisamos pensar em novas maneiras de se fazer saúde, conviver com outras formas de ver o mundo, repensando nossas técnicas, aprimorando nossa escuta, nos despindo de preconceitos e paradigmas, pois é impossível exercer um trabalho de qualidade na Atenção Básica sem um encantamento pelas diferenças culturais.
Atividade desenvolvida para a disciplina de Psicologia da Saúde, ministrada pelo Ms. Douglas Cassaroto.
Referências: Caderno HumanizaSus Volume 2 – Atenção Básica.
Por Emanuelle Fernandes de Lima
Tem um artigo chamada “praticas populares em saúde indígena e integração” que é excelente, fala também da troca entre o profissional da saúde e o conhecimento que é adquirido ao se trabalhar com diferentes culturas; Particularmente acho que a abordagem do tema e sua problematização esta muito boa.