De acordo com o Laboratório de Demografia e Estudos Populacionais da Universidade Federal de Juiz de Fora, uma das características mais marcantes da atual dinâmica demográfica mundial é o processo de envelhecimento populacional. Essa dinâmica também é observada no Brasil, porém de forma ainda mais rápida (ALVES, 2020). Logo, é inerente aos profissionais de saúde estarem preparados para atender às necessidades da saúde da população idosa. Ademais, é importante ressaltar que por ser uma população mais vulnerável, do ponto de vista da saúde, deve-se atentar à humanização do cuidado, buscando realizar não só atendimento focado na doença, mas no ser humano como um todo. Assim, ouvindo suas percepções, elucidando dúvidas e quaisquer outras ações que resultem em conforto para o paciente, seja ele físico, emocional ou psicológico.
O cuidado com pessoas idosas vem sendo aperfeiçoado de tempos em tempos, assim como os idosos se adaptam às tecnologias, os cuidadores devem aprender que o idoso não é alguém, de modo geral, frágil e limitado. O Dr. José Mário Tupiná Machado alerta que cada indivíduo é diferente um do outro, por isso se fala da heterogeneidade. Somos seres singulares e precisamos respeitar todas as pessoas. Entretanto, há desrespeito a pessoas em todas as etapas da vida, principalmente as que estão na velhice, pois muitas vezes são vistas como pessoas cuja capacidade funcional é limitada. Neste contexto, deve-se falar do ageísmo, ou seja, preconceito aos idosos. O preconceito começa quando limitamos a capacidade física e mental dos idosos, julgando-os como incapazes de trabalhar, estudar, atender às próprias necessidades, como tomar banho sem auxílio de terceiros, e outras atividades comuns.
É importante salientar que há diferença entre precaução e limitação, em muitas famílias os idosos são vistos como incapazes, mas eles só precisam do seu tempo e de incentivo para executar as tarefas. Entretanto, do ponto de vista da saúde, o envelhecimento não é sinônimo de incapacidade e dependência, mas de maior vulnerabilidade (BRASIL, 2014). Por isso, é nesta fase da vida que um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) se faz essencial: a integralidade. Durante o cuidado de pessoas idosas, se deve atentar para que não se oferte assistência apenas a sua queixa principal, mas buscar situações multidimensionais que podem contribuir com a queixa, fazendo-se uso importante da equipe interdisciplinar.
Percebe-se que possuir alguma doença não é característica de exclusividade das pessoas idosas, embora seja uma premissa muito disseminada. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde não é apenas a ausência de doenças, mas bem estar físico, mental e social. Sendo assim, se tratando de um idoso, um cenário real envolve questões além das biológicas, as quais também devem ser levadas em consideração, como as sociais, emocionais, espirituais, legais e econômicas nas quais eles estão inseridos. Todos merecem respeito e valorização com toda a sua individualidade, autonomia e protagonismo, até porque, ser idoso não é sinônimo de fim de vida, e sim o início de uma nova etapa.
REFERÊNCIAS
ALVES, José. Envelhecimento populacional continua e não há perigo de um geronticídio. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2020.
BRASIL, Ministério da Saúde. Diretrizes para o cuidado das pessoas idosas no SUS: proposta de modelo de atenção integral, 2014.
BRASIL, Saúde. O que significa ter saúde, 2020.
Evelize Eudeucleia Cristina Behrens¹; Ingrid Samara Ramos Braga²; Karol Arias Fernandes³
¹ Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
² Graduanda em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças (FENSG – UPE)
³ Graduanda em Medicina pela Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE)